Os babilônios, assírios e egípcios também sabiam a duração do ano desde épocas pré-cristãs. Em outras partes do mundo, evidências de conhecimentos astronômicos muito antigos foram deixadas na forma de monumentos, como o de Newgrange, construído em 3200 a.C. (no solstício de inverno o sol ilumina o corredor e a câmara central) e Stonehenge, na Inglaterra, que data de 3000 a 1500 a.C.
Imagens tiradas dos sites: http://www.knowth.com/newgrange.htm (esquerda) e http://www.mythicalireland.com/ancientsites/newgrange/ (direita)
Em Stonehenge, cada pedra pesa em média 26 ton. A avenida principal que parte do centro da monumento aponta para o local no horizonte em que o Sol nasce no dia mais longo do verão (solstício).
Nas Américas, o observatório mais antigo descoberto é
o de Chankillo, no Peru, construído entre 200 e 300 a.C.
(Iván
Ghezzi e Clive Ruggles,
Science, 2007, 315, 1239).
O ápice da ciência antiga se deu na Grécia, de 600 a.C. a 400 d.C., em níveis só ultrapassados no século XVI. Do esforço dos gregos em conhecer a natureza do cosmos, e com o conhecimento herdado dos povos mais antigos, surgiram os primeiros conceitos de Esfera Celeste, uma esfera de material cristalino, incrustada de estrelas, tendo a Terra no centro. Desconhecedores da rotação da Terra, os gregos imaginaram que a esfera celeste girava em torno de um eixo passando pela Terra. Observaram que todas as estrelas giram em torno de um ponto fixo no céu e consideraram esse ponto como uma das extremidades do eixo de rotação da esfera celeste.
Há milhares de anos, os astrônomos sabem que o Sol muda sua posição no céu ao longo do ano, se movendo aproximadamente um grau para leste por dia. O tempo para o Sol completar uma volta na esfera celeste define um ano. O caminho aparente do Sol no céu durante o ano define a eclíptica (assim chamada porque os eclipses ocorrem somente quando a Lua está próxima da eclíptica).
Como a Lua e os planetas percorrem o céu em uma região de dezoito graus centrada na eclíptica, essa região é definida como o Zodíaco, dividida em doze constelações, várias com formas de animais (atualmente as constelações do Zodíaco são treze: Áries, Touro, Gêmeos, Cancer, Leão, Virgem, Escorpião, Ofiúco, Sagitário, Capricórnio, Aquário e Peixes).
As constelações são grupos aparentes de estrelas. Os antigos gregos, e os chineses e egípcios antes deles, já tinham dividido o céu em constelações.
Os astrônomos da Grécia antiga
Tales de Mileto (624 - 546 a.C.) introduziu na Grécia os fundamentos da geometria e da astronomia, trazidos do Egito. Pensava que a Terra era um disco plano em uma vasta extensão de água.Pitágoras de Samos (572 - 497 a.C.) acreditava na esfericidade da Terra, da Lua e de outros corpos celestes. Achava que os planetas, o Sol, e a Lua eram transportados por esferas separadas da que carregava as estrelas. Foi o primeiro a chamar o céu de cosmos.
Aristóteles de Estagira (384-322 a.C.)
explicou que as fases da Lua1 dependem de
quanto da parte da face da Lua iluminada pelo Sol está voltada para a
Terra. Explicou, também, os eclipses: um eclipse do Sol ocorre quando a Lua
passa entre a Terra e o Sol; um eclipse da Lua ocorre quando a Lua entra na
sombra da Terra. Aristóteles argumentou a favor da
esfericidade da Terra, já
que a sombra da Terra na Lua durante um eclipse lunar é sempre arredondada.
Afirmava que o Universo é esférico e finito.
Aperfeiçoou a teoria das esferas concêntricas
de Eudoxus de Cnidus (408-355 a.C.), propondo eu seu
livro De Cælo, que "o Universo é finito e
esférico, ou não terá centro e não
pode se mover."
Heraclides de Pontus (388-315 a.C.) propôs que a Terra gira diariamente sobre seu próprio eixo, que Vênus e Mercúrio orbitam o Sol, e a existência de epiciclos.
Aristarco de Samos (310-230 a.C.) foi o primeiro a propor a Terra se movia em volta do Sol, antecipando Copérnico em quase 2000 anos. Entre outras coisas, desenvolveu um método para determinar as distâncias relativas do Sol e da Lua à Terra e mediu os tamanhos relativos da Terra, do Sol e da Lua.
Eratóstenes de Cirênia (276-194 a.C.),
bibliotecário e diretor da Biblioteca Alexandrina de 240 a.C. a 194 a.C.,
foi o primeiro a medir o diâmetro da Terra.


Hiparco de Nicéia (c.190-c.120 a.C.), considerado o maior astrônomo da era pré-cristã,
construiu um
observatório na ilha de Rodes, onde fez observações durante o
período de
147 a 127 a.C.
Como resultado,
ele compilou um catálogo com a posição no
céu e
a magnitude de 850 estrelas. A magnitude, que especificava o brilho da
estrela, era dividida em seis categorias, de 1 a 6, sendo 1 a mais
brilhante, e 6 a mais fraca visível a olho nu. Hiparco deduziu corretamente
a direção dos pólos celestes, e até mesmo a precessão,
que é a variação da direção do eixo de rotação da Terra devido
à influência gravitacional da Lua e do Sol, que leva 26000 anos
para completar um ciclo.2Para deduzir a precessão, ele comparou
as posições de várias estrelas
com aquelas catalogadas por Timocharis de Alexandria e Aristyllus de Alexandria
150 anos antes (cerca de 283 a.C. 260 a.C.).
Estes eram
membros da Escola Alexandrina do século III a.C.
e foram os primeiros a medir as distâncias das estrelas
de pontos fixos no céu (coordenadas eclípticas).
Foram, também, dos primeiros a trabalhar na Biblioteca de Alexandria,
que se chamava Museu, fundada pelo rei do Egito,
Ptolémée Sôter Ier, em 305 a.C..
Hiparco também deduziu o valor correto de 8/3 para a razão entre o tamanho da sombra da Terra e o tamanho da Lua e também que a Lua estava a 59 vezes o raio da Terra de distância; o valor correto é 60. Ele determinou a duração do ano com uma margem de erro de 6 minutos.
Ptolomeu (85 d.C. - 165 d.C.) (Claudius Ptolemaeus)
foi o último astrônomo importante
da antiguidade.
Não se sabe se ele era egípcio ou romano.
Ele compilou uma série
de treze volumes sobre astronomia,
conhecida como o
Almagesto, que é a
maior fonte de conhecimento sobre a
astronomia na Grécia.
Reprodução de parte do Almagesto, de Claudius Ptolomaeus, escrito entre 127 e 151 d.C. O termo Almagesto é uma corruptela do árabe Al Majisti; em grego, o livro ficou conhecido como a Mathematike syntaxis (Compilação matemática) ou He Megiste Syntaxis (A maior compilação).1
1 Fonte: História Ilustrada da Ciência - Universidade de Cambridge, Colin A. Ronam, edição brasileira Jorge Zahar Editor, tradução Jorge Enéas Fortes.
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