quarta-feira, 14 de maio de 2014

Estudo de Campo - Miradouro da Lua - Luanda



ESTUDANTES DE GEOLOGIA DA UNIVERSIDADE TÉCNICA DE ANGOLA




RELATÓRIO DE CAMPO





Relatório de saída de campo, de Geomorfologia e Estratigrafia, disciplinas do curso de Geologia da Universidade Técnica de Angola, em Luanda.


Por: Carlos Pimentel











SAMBA - LUANDA
MAIO 2014


INTRODUÇÃO:
Neste relatório será descrito como se realizou a saída de campo efectuada no Município da Samba, da cidade de Luanda. Essa saída de campo foi motivada pelo interesse de identificar os processos exógenos que ocorreram naquela área e a geomorfologia obtida.
A saída de campo vem para enriquecer ainda mais o conhecimento dos estudantes nos mostrando as reais condições de origem e evolução das referidas feições (Miradouro da Lua), que se situam  a 40 km a Sul de Luanda no município da Samba, Coordenadas: 9° 13' 16" S 13° 5' 23" E (fonte: Wikipedia a enciclopédia livre).

É preciso compreender antes o que é geomorfologia e o que se quer dizer com processos exógenos:
A Geomorfologia  é a ciência que estuda o surgimento e a evolução dos relevos sobre a superfície terrestre. A evolução dos relevos seguem fatores de processos exógenos (modeladores), endógenos (formadores de relevo). Os processos endógenos são referentes às placas tectônicas e à geologia. (fonte: infoescola.com).
Processos exógenos – processos que tem sua origem na energia externa do planeta: água, gelo, vento, diferença de temperatura, ação de seres vivos, são modeladores do relevo já que desgastam as rochas sendo os principais:
  • Intemperismo – desgasta as rochas e os produtos originados formam os sedimentos, fragmentos resultantes da decomposição e desagregação das rochas e classificados com base no tamanho das partículas.
Intemperismo químico decompõe a rocha
Intemperismo físico desagrega a rocha
Intemperismo biológico resulta da ação de animais e plantas
  • Erosão - Processo de destacamento e transporte dos sedimentos.
Erosão e trabalho de transporte dos sedimentos – o curso alto de um rio destaca as partículas – Curso médiotransporta – Curso baixo deposita
Erosão eólica – Ação dos ventos
Erosão glacial – movimentação de geleiras
Erosão marinha – ação das águas do mar
Erosão pluvial – ação das águas das chuvas
Erosão fluvial – ação das águas dos rios
  • Sedimentação – Processo pelo qual se verifica a deposição dos sedimentos em áreas mais planas ou depressões, geralmente foz dos rios. Intemperismo + erosão + sedimentação = formação dos solos e bacias sedimentares
Impactos ambientais
Voçorocas – Grandes aberturas nos solos em meio natural e urbano causado pela infiltração das águas desestabilizando o terreno
Ravinas – Fendas em linhas nos solos ocasionadas pela ação erosiva das águas das chuvas ocorrendo um maior desgaste em terrenos mais elevados e inclinados
Assoreamentoresulta do depósito de areias que vão ocupar os leitos dos rios após o destacamento e transporte. No rio Pinheiros há intenso assoreamento

Resultados do estudo de Campo:

Neste estudo observou-se que o Miradouro da Lua teve como processos exógenos predominantes a erosão eólica e pluvial.

A sequência de eventos na área acredita-se que foi na seguinte ordem:

1º O limite do continente caracterizava-se por uma formação de areias ferruginosas e grés vermelha.
2º Há evidências de que houve sucessivas regressões e transgressões marinhas que não só erodiram a formação de areias vermelhas mas que por sua vez foram depositando areias litorais acima desta; esta deposição não ocorreu de forma completamente horizontal, o que pode-se deduzir com facilidade pela observação no campo do posicionamento da formação que lhe serve de base que é a formação de areias vermelhas que se encontra ligeiramente inclinada em direcção ao litoral. Por sua vez essa teoria parece ser lógica por causa do tipo de feições criadas pelos processos erosivos já mencionados;
Erosão contínua das camadas quer de areias vermelhas quer das areias litorais que se depositaram a seguir, este processo existe até o momento, e pensa-se que poderá em breve atingir proporções alarmantes, pois as ravinas ameaçam engolir o Miradouro da Lua (cit.: Alberto Leite em entrevista a TPA).
Há uma linha de fraquezas nos limites entre as camadas de areias vermelhas e litorais, que produziram feições erosivas peculiares (similares as crateras da superfície lunar, daí o nome “Miradouro da Lua”), isto aconteceu como já referido pela forma como ocorreram os processos deposicionais nesta zona.
Existe vegetação em boa parte de ambas litologias.

 Nota1: A afirmação da camada mais antiga (areias vermelhas) está inclinada, é consistente com a inclinação de algumas plantas que nela se encontram, recorde que em geomorfologia essa é uma das maneiras de verificar rapidamente se estamos perante um plano ou uma inclinação (alguns utilizam o termo “vegetação bêbada”, para se referirem a esse fenómeno).

Miradouro da Lua 1

Miradouro da Lua 2

Miradouro da Lua3

Miradouro da Lua4

Miradouro da Lua5



Nota2: Esse estudo foi efectuado de forma autónoma pelos estudantes;
·         Mário Delicado
·         Willeres Diogo
·         Thyossane Tonet
·         Carlos Pimentel
·         Ziggy Alves
·         Luis Salvador
·         André Salviano
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a experiência desta saída de campo, com o objetivo de aprofundar os conhecimentos de geomorfologia, os estudantes sentem-se mais confiantes e mais habilitados para identificar formações e estabelecer a ordem correcta de sequências eventos geológicos de uma área, bem como foi realmente uma boa oportunidade para testar in loco aquilo que eram conhecimentos meramente teóricos.



Referências:
Apostilas de geologia geral e Geomorfologia - Msc. Paulo Aguiar (Geólogo)

Sequência de eventos incluindo explicações complementares – Carlos Pimentel (estudante de geologia).

Para Entender a Terra 4ª edição, Press Siever, Grotzinger e Jordan



Fotos do Miradouro da Lua – Carlos Pimentel

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Relatório de Campo de Estratigrafia - Estudo das Formações "Quelo" e "Luanda"



ESTUDANTES DE GEOLOGIA (UNIVERSIDADE TÉCNICA DE ANGOLA E UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO)




RELATÓRIO DE CAMPO





Relatório de saída de campo, de Estratigrafia, disciplina do curso de Geologia da Universidade Técnica de Angola, em Luanda.


Por: Carlos Pimentel


 





BOA VISTA - LUANDA
MAIO 2014



INTRODUÇÃO:
Neste relatório será descrito como se transcorreu a saída de campo realizada no Bairro Boa Vista, da cidade de Luanda. Essa saída de campo foi motivada pelo interesse de identificar as formações Quelo e formação “Luanda”, com vista a dotar os estudantes a reconhecerem os limites estratigráficos de ambas formações, a sua litologia e aspectos complementares de geologia geral, como a identificação de algumas rochas e feições estruturais (geologia estrutural).
A saída de campo vem para enriquecer ainda mais o conhecimento dos estudantes nos mostrando as reais condições de origem e evolução das referidas formações, que se situam na bacia sedimentar do Quanza, muito diferente dos livros que nos faz ter uma visão inicial do fato estudado, mas aprofundado por essas aulas praticas. 



Antes de tudo vamos compreender e entender o que é uma formação: é um conjunto de rochas ou corpo de rochas caracterizado pela homogeneidade litológica, de preferência contínua lateralmente, mapeável na superfície terrestre ou em subsuperfície.
Os limites de uma formação correspondem as mudanças litológicas fáceis de reconhecer. Uma formação é bem visível nos mapas geológicos nas escalas médias de 1/25.000 até 1/100.000.
Estrutura das bacias sedimentares angolanas: as bacias sedimentares costeiras e a plataforma continental angolana apresentam um estilo caracteristico de bacias da margem continental do tipo Atlântico e traduzem o efeito do mecanismo de ruptura da crosta continental e da separação dos continentes Africano e Sul Americano.
Este processo tectónico originou falhas normais de grande extensão regional, com rejeitos que podem ultrapassar 2.000m, produzindo blocos falhados e basculados, que se alinham paralelamente a costa, numa série de “horst” e “grabens” estreitos e alongados, com inclinação geral para Oeste.
Estratigrafia das bacias sedimentares costeiras: A coluna estratigráfica típica das bacias sedimentares costeiras e da plataforma continental angolana compreende três unidades litoestratigráficas bem diferenciadas e está relacionada com as etapas de evolução da margem Atlântica.

Caracterisiticas das formações “Quelo” e “Luanda”

Formação Quelo: é constituida por areias ferruginosas e grés de cor vermelha. Depositou-se num ambiente continental e é de idade Plio-Quaternária.
Formação Luanda: é composta por margas com foraminíferos, areias litorais e grés com conchas. De idade Pliocénica e depositada num ambiente litoral.

Formação Luanda e Formação Quelo (Boa Vista), Luanda


 Resultados do estudo de Campo:
Neste estudo observou-se que a formação Luanda é mais antiga em relação a formação Quelo, e chamou-se atenção para o facto de que não se deve assumir toda caracteristica litologica de areias ferruginosas e grés vermelha como sendo a formação Quelo; para se identificar essa formação devemos ter em conta que a formação que lhe serve de base (Luanda), tem no seu topo microconglomerados, isto é, temos de verificar as caracteristicas litologicas da formação Quelo acima referidas, e forçosamente observar se existem microconglomerados na sua base. Por outro lado constatou-se a existência de bioturbação formada por fósseis de caranguejos na formação Luanda, conforme atestam os livros.
Nota: Foram encontradas algumas rochas como: gnaisse (metamórfica), granada (metamórfica) granitos (magmática) e quartzo (sedimentar).



CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a experiência desta saída de campo, com o objetivo de aprofundar os conhecimentos de estratigrafia, os estudantes sentem-se mais confiantes e mais habilitados para identificar outras formações e estabelecer a ordem correcta de sequências estratigráficas, bem como foi realmente uma boa oportunidade para visualizar in loco aquilo que eram apenas informações teóricas.





 BIBLIOGRAFIA:


 Para Entender a Terra 4ª edição, Press Siever, Grotzinger e Jordan
Textos de apoio de Estratigrafia, Professor: Manuel Velinho (Geólogo)
Textos de apoio de Geologia Geral, Professor: Msc. Paulo Aguiar (Geólogo)
Algumas explicações fornecidas aqui são de autoria de Heritier Wandofusu.