sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Xisto dos EUA é ameaça à Arábia Saudita, diz príncipe



O príncipe Alwaleed bin Talal, investidor bilionário saudita, alertou que a economia de seu país, dependente do petróleo, está cada vez mais vulnerável à concorrência da revolução americana do xisto (folhelho), revelando uma rara cisão pública sobre a política de governo no seio da família governante do país.
Em carta aberta dirigida a Ali Naimi, o ministro do Petróleo da Arábia Saudita, o príncipe pediu ao governo para acelerar os planos de diversificação da economia.
"Nosso país está enfrentando uma contínua ameaça devido a sua dependência quase total do petróleo", escreveu na carta, da qual uma cópia foi enviada ao rei Abdullah, tio do príncipe Alwaleed, entre outros.
A carta, que foi acompanhada por várias outras e foi dirigida a autoridades governamentais, inclusive o ministro das Finanças, foi postada na conta do príncipe Alwaleed no Twitter no domingo. As cartas são datadas de 13 de maio, e um porta-voz do príncipe confirmou que são genuínas.
O ministro do Petróleo saudita recusou-se a comentar sobre a carta. A Arábia Saudita é o maior exportador de petróleo do mundo, tendo faturado US$ 336 bilhões com exportação de petróleo em 2012, segundo dados da Opep, o cartel dos produtores de petróleo.
As receitas do petróleo representam 92% do orçamento do Estado saudita, de acordo com o príncipe Alwaleed, e foram responsáveis por quase 90% das receitas de exportações do país, de acordo com a Opep.
Funcionários da Opep procuraram minimizar a ameaça do crescimento da produção de petróleo americana à Arábia Saudita. As importações americanas originadas de membros da Opep caíram para o menor nível em 15 anos no ano passado.
Apesar da queda das exportações destinadas aos EUA, o cartel registrou uma receita recorde de US$ 1,26 trilhão com as exportações de petróleo no ano passado, de acordo com dados publicados pela Opep. Mas a Agência Internacional de Energia prevê que a demanda por petróleo produzido pela Opep caia acentuadamente ao longo dos próximos cinco anos.
"O mundo está cada vez menos dependente do petróleo dos países da Opep, inclusive do reino [saudita]", escreveu o príncipe Alwaleed.
Falando em Washington em abril, Naimi, que foi ministro do Petróleo do país durante quase 20 anos, disse ver com bons olhos o aumento da produção americana, pois isso contribuirá para estabilizar os preços mundiais do petróleo.
O príncipe Alwaleed rejeitou a avaliação de Naimi, embora tenha focado o aumento da produção de gás dos EUA. "Nós discordamos com Vossa Excelência sobre o que disse e vemos que o aumento da produção de gás de xisto nos EUA como uma ameaça inevitável", disse o príncipe Alwaleed.

Fonte: Geofisica Brasil

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