quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Rochas ornamentais - tradição e modernidade


A humanidade se utiliza do ambiente geológico desde os primórdios tempos. Inicialmente utilizavam-se cavernas para o abrigo e proteção, o que pode ser comprovado pelas inúmeras ilustrações rupestres existentes e m seu interior, que retratam o modo de vida naquela época. Posteriormente pontas de lanças, martelos e outros artefatos foram fabricados por nossos antepassados e tiveram papel fundamental na supremacia do ser humano sobre outras espécies. Com o avanço da civilização, os seres humanos passaram a modificar as rochas, cortando-as e transportando-as, e utilizando-as como material de construção de suas casas. Mais tarde utilizaram as rochas para construção de monumentos e aquedutos, pavimentar ruas, e inúmeras outras aplicações. Muitas dessas construções estão intactas até hoje.
Nos dias atuais a rocha continua sendo utilizada como material de construção, ora como um agregado para a fabricação do concreto (p.e. pedra britada), ora ?in natura? como elemento estrutural e também em placas ou ladrilhos como material de revestimento.
A rocha, uma vez cortada e polida apresenta características próprias, que dependem da história geológica por que passou desde sua formação na Terra.
As rochas ígneas, de maneira geral, caracterizam-se pela altíssima resistência mecânica e, portanto, são apropriadas para suportar grandes esforços mecânicos e tráfego. Um exemplo de aplicação é o piso da estação Sé do Metrô de São Paulo, por onde circulam centenas de milhares de pessoas diariamente. O pátio do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo é, também, revestido com rocha ígnea (granito).
Os mármores, que representam rochas metamórficas, têm uma composição carbonática e, portanto, são relativamente menos resistentes do que as rochas ígneas. Apresentam uma grande variedade de padrões texturais e de cores o que permite sua adaptação a diferentes projetos arquitetônicos, sendo como tal mais apropriados para revestimento de paredes. Este tipo de rocha pode ser visto revestindo as paredes internas de vários prédios públicos e ?shopping centers?.
As rochas sedimentares, apesar de menos resistentes à abrasão, também são muito utilizadas como elemento estrutural e mesmo de revestimento. Como exemplo de sua aplicação têm-se as pirâmides do Egito que vêm resistindo às intempéries durante milhares de anos e também o Teatro Municipal de São Paulo, onde rochas sedimentares (arenitos) foram usadas como elementos estruturais (blocos e colunas).
As ardósias, rochas levemente metamorfizadas, são muito populares para o revestimento de pisos, assim como os quartzitos, que são aplicados em beiras de piscinas devido à sua resistência e característica antiderrapante.
Inúmeras ruas são pavimentadas com blocos de rocha (paralelepípedos) que conjugam a altíssima durabilidade da rocha com ótimas características de drenagem.
Pode-se dizer que, independentemente do tipo de rocha utilizada, sua aplicação irá sempre enobrecer e valorizar a construção. A rocha se impõe como um material de construção tanto tradicional como moderno, graças às suas propriedades de resistência, suas tonalidades e aos inigualáveis arranjos multiformes de sua textura.
No Brasil são extraídas anualmente 5,2 milhões de toneladas de rochas para revestimento, das quais 50% são utilizadas na Grande São Paulo. Um percentual crescente tem sido exportado para diversos países, principalmente europeus e asiáticos. Este mercado, representado internamente por mais de 3000 marmorarias espalhadas pelo Brasil, vem crescendo ano a ano e exigindo um conhecimento técnico cada vez melhor da matéria prima.
Os geólogos, graças à sua formação, conhecem as rochas e as aplicações mais apropriadas para cada tipo rocha, de forma a se alcançar um ótimo desempenho, considerando as propriedades da rocha, suas qualidades e deficiências, aliadas à melhor solução arquitetônica.
Templo Uxmal, Província de Yucatán, calcoarenitos, aproximadamente 1500 anos (Foto de Ingo Wahnfried)
Escultura em calcário, Copán, Honduras, cerca de 1500 anos. (Foto de Ingo Wahnfried)
Pátio do IGc-USP, cujo piso é revestido com granito. 
 
Fonte:Instituto de Geociências da USP

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