quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Após o "shale"




Armando Cavanha F.

Há uma certa euforia sobre a produção de hidrocarbonetos nos EUA, a partir do chamado "shale" (gás de xisto, gás natural que pode ser encontrado preso dentro de formações de xisto argilosohttp://pt.wikipedia.org/wiki/G%C3%A1s_de_xisto).

Porém, há dados e previsões que mostram uma certa brevidade de picos de produção futura, apesar dos prováveis altos volumes de reserva, com subsequente retorno a dependência sobre importações de forma significativa.

Dados conflituosos e temporários, por vezes da mesma fonte, mostram o estado instável, em construção, sobre a compreensão desta nova fonte de energia.

Dados da IEA (International Energy Agency), publicado pelo Wall Street Journal em Julho de 2013, informam que a demanda de óleo dos EUA reduz de 17 para 15 milhões de bbl em 2025, algo questionável, imaginando o crescimento populacional e o aumento das demandas naturais da população da região. Também, apontam para um crescimento da produção de 8 para 11 milhões de bbl, estabilizando em 2025.

Em outra publicação, Shale's Effect on Oil Supply Is Forecast to Be Brief, por MATTHEW L. WALD, Novembro 12, 2013, é dito o seguinte:

"O "boom" das formações de "shale oil" nos anos recentes tem gerado boa quantidade de discussões sobre que os EUA poderiam, eventualmente, retornarem à autossuficiência em energia.

De acordo com o relatório da IEA, de Novembro de 2013, a produção deste óleo nos EUA e no mundo irá prover apenas um alívio temporário na dependência ao Oriente Médio. O relatório anual World Energy Outlook, publicado em Londres, diz que a perspectiva de óleo no mundo estaria sendo revista em função do "shale oil", composto de óleo leve, por novas fontes como arenitos no Canadá, produção em águas profundas no Brasil e líquidos sendo produzidos por novas fontes de gás natural. "Existe um crescimento forte na produção de óleo leve, cujo pico deve estar em 2020, atingindo então um platô," disse Maria van der Hoeven, diretora executiva do IEA."

A dependência americana de importação de petróleo se reduz consistentemente até a estabilização, tornando a aumentar na década de 2020. Neste intervalo, o petróleo do Oriente Médio terá outros destinos, até que a fome por energia nos EUA volte a acontecer.

Diante deste cenário, algumas considerações podem ser feitas:

1 – A tensão e a pressão americana sobre as fontes do Oriente Médio devem se reduzir temporariamente, retornando posteriormente, com possíveis dificuldades e tendências de conflitos na retomada de importações de grandes volumes no futuro.

2 – Novas formas de energia se tornarão cada vez mais atrativas, com novas tecnologias, no caminho de substituir este futuro retorno de dependência de hidrocarbonetos.

3 – O Pré-Sal brasileiro torna-se cada vez mais relevante, as exportações do Brasil devem se tornar atrativas na logística Norte-Sul, pois são volumes em geografia próxima, sem guerras, sem passagem por canais ou regiões de conflito e com relacionamento de países amigos.

Há, assim, uma grande oportunidade para o Brasil neste período. Ajustar em definitivo os modelos de exploração, produção, incorporação de reservas, deixar as controvérsias internas de lado, separar com clareza papéis de Estado e de Indústria, montar um processo de conteúdo local mais qualitativo do que quantitativo, focalizar em nichos e na cadeia de suprimento, apostar alto em educação+técnica+inovação.

Chegou a hora do Brasil, sejamos unidos para montar uma sistemática robusta, estável, que permita crescer e gerar riqueza para o país, com menores riscos.




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