O maior planeta terrestre conhecido é a Terra, e o menor planeta gasoso conhecido é Netuno, com 14 MTerra. Por definição, planetas são corpos que orbitam estrelas e não têm nem nunca tiveram reações nucleares.
Os objetos acima de 75 MJúpiter têm reações nucleares transformando H em He e são chamados estrelas.
Objetos entre 13 MJúpiter e 75 MJúpiter têm reações nucleares transformando o deutério em trítio, e são chamados anãs marrons.
Os objetos abaixo de 13 MJúpiter, que orbitam uma estrela, são chamados planetas.
Entretanto a distribuição de número de objetos versus massa é contínua, e outra definição, usada no Catálogo de Planetas Extrassolares, é objetos com massas menores que 25 massas de Júpiter, pois existe um forte redução do número de objetos com esta massa, aumentando tanto para maiores massas quanto para menores massas.
Os planetas em torno de outras estrelas não podem em geral ser vistos porque são pouco brilhantes e estão muito próximos de suas estrelas. A razão dos brilhos relativos é dada por:
rSol-centro de massa=rJúpiter-centro de massa × MJúpiter/MSol=
5,2 UA × MJúpiter/MSol
= 745 mil km = 1,06 RSol.
Mas de fato, o que medimos é o limite inferior das massas, pois
o que medimos é a projeção da separação (ou velocidade) no céu (perpendicular):
a=r1+r2, , , ,
e, portanto, temos da Terceira Lei de Kepler:
Como o seno de qualquer ângulo é sempre menor que 1, a massa real será maior ou igual à massa medida.
O bamboleio da estrela pode ser medido através do deslocamento Doppler (AVI) das linhas espectrais das estrelas, isto é, medindo a velocidade. Os planetas medidos têm em geral massas próximas à massa de Júpiter (MJúpiter=317 MTerra e MSol=1047 MJúpiter) e períodos orbitais menores que 10 anos, de modo que sua perturbação na velocidade orbital radial da estrela seja maior que 1 m/s, o limite instrumental atual. Júpiter, com PJúpiter=12 anos, causa uma velocidade do Sol em torno do centro de massa de 12 m/s.
O planeta extrasolar em torno de uma estrela normal com menor massa conhecido é o planeta com massa mínima parecida com o da Terra em torno da estrela Alpha Centauri B (Tef=5214 K, K1V), a 4,4 anos-luz de distância, descoberto por Xavier Dumusque, Francesco Pepe, Christophe Lovis, Damien Ségransan, Johannes Sahlmann, Willy Benz, François Bouchy, Michel Mayor, Didier Queloz, Nuno Santos & Stéphane Udry, publicado na Nature, 2012, com período orbital de 3,236 dias e distância à estrela de somente 0,04 UA.
De 843 planetas extrassolares medidos até outubro de 2012, sendo 665 sistemas planetários e 126 sistemas múltiplos:
- 491 (80 sistemas múltiplos) foram detectados por velocidades radiais
(1,9 MTerra, Gliese 581e a 0,03 UA da estrela, a 21,4 MJúpiter).
A maioria destes planetas foi descoberta pelo astronomo suiço
Michel G.E. Mayor
(1942-) e
Didier Queloz (1966-),
que em 1995 descobriram 51 Pegasi b, o primeiro
classificado como planeta extrassolar em
torno de uma estrela normal, e pelos americanos
Geoffrey W. Marcy (1954-),
R. Paul Butler,
Debra A. Fischer,
e seus colaboradores. Existem pelo menos
80 destes sistemas com múltiplos planetas detectados.
Espectro de uma estrela para a procura de planetas, com o espectrógrafo echelle do Monte Palomar.
Variação da velocidade das linhas espectrais de uma estrela com 3 planetas.
- 288 por trânsitos (4,8 MTerra a 21,7 MJ, 36 sistemas múltiplos),
pela pequeníssima redução no brilho
da estrela quando o planeta passa na frente da estrela
Lançamento do satélite COROT (COnvecção, ROtação e Trânsitos planetários), uma colaboração França-Áustria-Alemanha-Espanha-Brasil, com um telescópio de 27 cm e campo de 2,8°×2,8° para detectar exoplanetas por trânsitos e fazer sismologia estelar, foi lançado em 27.12.2006 e já detectou dezenas de trânsitos (dos mais de 31 mil falsos-positivos), mas só vinte e sete planetas foram confirmados até agora, porque para ser confirmado ele tem que ser registrado mais de uma vez. Em feveiro de 2009 o grupo do satélite COROT divulgou a detecção de COROT-Exo-7b, com uma massa de (4,8±0,8) MTerra e um diâmetro de 1,65× o da Terra mas que orbita sua estrela a cada 20 horas (Alain Léger et al. 2009, Astronomy & Astrophysics, 506, 287; Didier Queloz et al. 2009, Astronomy & Astrophysics, 506, 303); ele tem densidade média de 5,6 g/cm3 e foi o primeiro planeta extrassolar rochoso confirmado, mas está localizado tão perto de sua estrela, 0,0172 UA, que sua temperatura pode chegar a 2300 C, como o filamento de tungstênio de uma lâmpada incandescente, derretendo rochas de silicato, se existem. A estrela tem outro planeta detectado, com 8,4 MTerra a 0,046 UA da estrela. Sylvio Ferraz Mello et al. (2010), da USP, obtém (8,0±1,2) e (13,6±1,4) MTerra para os dois planetas, reanalizando os mesmos dados. A estrela tem 0,93±0,03 MSol e está a cerca de 490 anos-luz de nós. O planeta Kepler-10b, descoberto em 2011, é similar, com cerca de 4,5 massas terrestres e 1,4 raios terrestres. Depois de descobrir 32 novos planetas, a missão COROT foi encerrada porque o satélite parou de responder em novembro de 2012.
O satélite Kepler foi lançado em 6 de março de 2009. Um foguete Delta II levou o satélite da NASA Kepler, cuja missão é procurar por planetas tipo terrestres orbitando na zona habitável de outras estrelas. A zona habitável é aquela com temperatura que permite a existência de água líquida. O satélite é capaz de detectar a pequena redução no brilho da estrela quando um planeta passa na frente dela. O telescópio tem um espelho primário de 1,4m de diâmetro, com uma abertura efetiva de 0,95m. Conta com 42 CCDs, cada um com 2200×1024 pixeis, cobrindo um campo de 10°×10°, e está observando 156 mil estrelas de magnitudes 9 a 16. Ele é capaz de detectar um trânsito de um planeta como a Terra (variação de 1/12000) para estrelas mais brilhantes que magnitude 12. A variabilidade intrínseca do Sol é da ordem de 1/100 000). Ele já detectou 61 planetas até agora, em torno de 35 estrelas, um deles o Kepler 11f, com 2,3 massas terrestres mas com densidade de 0,7 g/cm3, e Kepler 11b com 4,6 massas terrestres, mas somente 1,4 raios terrestres, densidade de 3,1 g/cm3 e um período orbital de 0,84 dia, 20× mais próximo de sua estrela Kepler 11, do que Mercúrio está do Sol. A estrela é muito similar ao Sol.
Comparação do sistema planetário da estrela Kepler 11 com o Sistema Solar. O tamanho dos planetas está aumentando 50× em relação ao tamanho das estrelas.
Philip S. Muirhead e colaboradores, publicaram em janeiro 2012, a detecção de três planetas em torno da estrela de baixa massa KOI 961, com 0,13±0,05 MSol, e propõem que os planetas tenham raios menores do que o da Terra, com o menor deles similar a Marte, com raio 0,57±0,18 RTerra, o menor planeta em torno de uma estrela normal já detectado.
O sistema Kepler 20, em torno da estrela 2MASSJ19104652+4220194, com Tef=5455±100 K, massa 0,912±0,034 MSol e raio 0,944±0,005 RSol, tem pelo menos 3 sub-netunianos, com massas 8,7±2,2 MTerra, 16,1±3,5 MTerra, e 20,1 MTerra, e raios 1,91±0,16 RTerra, 3,07±0,25 RTerra e 2,75±0,23 RTerra [Thomas N. Gautier III e outros, 2012, Astrophysical Journal, 749, 15, e ainda 2 outros possivelmente com raios similares à da Terra, 1,03 RTerra e 0,87 RTerra [François Fressin e outros, 2012, Nature, 482, 195].
1235 candidatos a planetas anunciados até agosto/2011, somente 68 (menos de 6%) são do tamanho da Terra, muito menos do que esperado. Mas o problema é que a variação média das estrelas (20 partes-por-milhão) é maior do que a do Sol (10 ppm). O satélite parou de funcionar em m aio de 2013. - 16 (1 sistema múltiplo) por microlentes
(3,2 MTerra a 3,5 MJ).
E=mc2 e Efóton=hν → mfóton=hν/c2Monitorando o brilho das estrelas em uma região com muitas estrelas do céu, detecta-se aumento no brilho das estrelas se uma estrela compacta passar na sua frente (dentro do raio do anel de Einstein). Dependendo da massa da estrela compacta e de sua distância, este aumento do brilho pode durar dias, semanas ou meses. Um planeta com a massa da Terra em torno de uma estrela produz uma amplificação com escala de algumas horas, enquanto que para um planeta como Júpiter a escala é de alguns dias. Esta é a base dos programas de observações de microlentes gravitacionais. O projeto MACHO (MAssive Compact Halo Objects) observou 10 milhões de estrelas na direção das Nuvens de Magalhães por 7 anos, registrando cerca de 400 eventos. O OGLE (Optical Gravitational Lens Experiment) está monitorando 35 milhões de estrelas com um telescópio de 1,3 de diâmetro no Chile, detectando cerca de 800 eventos por ano, e já mediu pelo menos 7 planetas.
Métodos diferentes encontram planetas em distâncias diferentes. - 31 (2 sistemas múltiplos) por imageamento direto (3 a 21,5 MJ),
como o planeta extrassolar com (5±2) massas de Júpiter, T=1250±200 K, fotografado em 2004
com um dos telescópios de 8,2 m do ESO, companheiro de uma anã-marrom,
com 25 massas de Júpiter, pelo time liderado por Gael Chauvin (Chauvin et al. 2004,
Astronomy & Astrophysics, 425, L29).
Ele está a 230 anos-luz, em TW Hydrae, e tem 8 milhões de anos. Sua separação da estrela
corresponde a 55 UA (778 milisegundos de arco).
Em setembro de 2008, Dr. David Lafrenière, Prof. Ray Jayawardhana e Prof. Marten van Kerkwijk, da Universidade de Toronto, usam o telescópio Gemini, de 8 metros de diâmetro, para fotografar e obter o espectro de um planeta extrassolar gigante, com 17±6 MJúpiter, em torno da estrela CT Cha. A estrela é uma K7V, com 0,85 MSol, com Tef=4100K, a cerca de 500 anos-luz da Terra, o planeta tem Tef=1800K, é cerca de 8 magnitudes mais fraco que a estrela, e está a cerca de 330 UA dela.
Combinação de imagens do Gemini (8m) e Keck (10m) por Christian Marois e colaboradores, do Canadá, de novembro de 2008, mostra que existem pelo menos três planetas no sistema da estrela HR 8799, com massas entre 5 e 13 massas de Júpiter. Eles obtiveram a primeira imagem de um sistema planetário extrassolar, a 130 anos-luz, na constelação de Pegasus. A estrela é jovem e tem 1,5 MSol.Planeta extrassolar com 8 MJúpiter, a 8,5 UA de sua estrela, β Pic, descoberto com o coronógrafo NACO no VLT do ESO.. Desde 2011 foram descobertos mais 12, todos gigantes, em torno de estrelas normais, anãs brancas ou anãs marrons.
- 17 (3 sistemas múltiplos) por variação do tempo de viagem da luz (0,02 MTerra a 19,2 massas de Júpiter).
Limites de detecção dos planetas extrassolares. Com a técnica de estudo das pulsações da anã branca G117-B15A, conseguimos explorar a região escura da figura. Note que quando o Sol tornar-se uma anã branca, daqui a 5 bilhões de anos, Mercúrio e Vênus possivelmente terão sido engolfados pelo Sol na fase de supergigante, mas a Terra possivelmente terá se deslocado para a órbita de Marte, pela perda de massa do Sol. Mesmo com o deslocamento, a temperatura na Terra tornará a vida impossível.
No modelo de Ingrid Juliana Sackmann, Arnold I. Boothroyd e Kathleen E. Kraemer, publicado em 1993 no Astrophysical Journal, 418, 457, quando o Sol tornar-se uma estrela gigante, seu raio passará da órbita de Mercúrio, mas como sua massa será um pouco menor por perda de massa, a órbita dos planetas externos se desloca um pouco para fora
mas os modelos de Klaus-Peter Schröder e Robert Connon Smith, publicados em 2008 no Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, 386, 155, preveem que somente os planetas com órbita inicial acima de 1,15 UA sobrevivem, e que a Terra será engolfada pelo Sol. O tempo zero deste diagrama ocorrerá em 7,59 bilhões de anos, quando o Sol atingir o topo do ramo das gigantes vermelhas.
Para descobrir que modelo está correto, buscamos planetas em torno de estrelas anãs brancas (Fergal Mullally, Don Earl Winget, Steven Degennaro, Elizabeth Jeffery, Susan E. Thompson, Dean Chandler e Kepler de Souza Oliveira Filho, publicado em 2008, no Astrophysical Journal, 676, 573. A tentativa de detectar o planeta diretamente com o satélite infra-vermelho Spitzer resultou inconclusiva, isto é, dentro das incertezas da medida.
Distribuição de massa das estrelas com planetas extrassolares. As estrelas mais massivas também têm planetas?
Fotos de discos proto-planetários, obtidos com o Telescópios Espaciais Hubble (HD 107146, a 88 anos-luz e com cerca de 50 a 250 milhões de anos) e Spitzer (AU Mic, a 32 anos-luz e com 12 milhões de anos).
A definição usada de zona habitável é que permita que a água esteja em forma líquida, para permitir o movimento das partículas e a eventual formação de moléculas orgânicas complexas, e fontes de energia para manter metabolismo. A segunda figura, de HZGallery.org, mostra que planetas conhecidos entram na sua Zona de Habitabilidade, com o tamanho do ponto proporcional ao tempo que passam nesta Zona.
O espectro do planeta HD 189733 b, observado com o Telescópio Espacial Hubble e com o satélite Spitzer no início de 2007 mostra vapor de água, mas o planeta tem uma temperatura média de 1000K, fora da zona habitável.
Imagem do disco e planeta em torno de Fomalhaut (α Piscis Austrini, uma estrela A com 200±100 milhões de anos a 25 anos-luz de distância), com o Telescópio Espacial Hubble, com período de 872 anos em torno da estrela a 25 anos-luz, na constelação do Peixe Austral. A estrela tem 2,06 MSol, Tef=8540 K, e o planeta cerca de 3 MJúpiter, a 119 UA da estrela (Paul Kalas et al. 2008, Science, 322, 1345).
A primeira detecção de matéria asteroidal em torno das estrelas ocorreu em 2008 com a descoberta de piroxeno rico em ferro, enstatita (piroxeno rico em Mg) e forsterita (olivina - silicato de ferro magnésio) em torno da anã branca G 29-38 e cerca de 20 anãs brancas já são conhecidas com material asteroidal caindo sobre a estrela, depois da disrupção por forças de maré.
Catálogo Visual de Planetas Extrassolares
OVNIs
Planetquest
Exoplanets
NASA Database de planetas extrassolares Órbitas de estrelas binárias
Sem comentários:
Enviar um comentário