As
primeiras teorias que procuraram explicar a ocorrência do petróleo se baseavam
em uma origem inorgânica. Entretanto, a cada dia seus defensores perdem espaço
para outra teoria que postula uma origem orgânica, baseando-se principalmente
na localização das jazidas petrolíferas como também do tipo de rocha em que o
mesmo se encontra. Segundo essa teoria, o petróleo é originado a partir da
matéria orgânica depositada junto à rochas sedimentares. Entretanto, para que
haja a formação dessa preciosa mistura de hidrocarbonetos são necessárias
condições especiais. É preciso a existência de rochas ricas em matéria orgânica
(conhecidas como “rochas geradoras”) que devem estar submetidas a ideais
condições de temperatura, tempo e pressão. É necessário também haver uma rocha
reservatório, ou seja, uma rocha que possua certos níveis de porosidade e
permeabilidade, além de condições que favoreçam a migração do petróleo da rocha
geradora para a rocha reservatório. Para a retenção do petróleo, deve existir
uma rocha de baixíssima permeabilidade (“rochas selantes” ou “rochas
capeadoras”) e um bom arranjo geométrico das rochas selante e reservatório para
que possa haver um significativo acúmulo de petróleo.
·
Migração do Petróleo
As
acumulações de petróleo de grande interesse comercial na chamada
rocha-reservatório são resultantes da migração, fenômeno no qual o petróleo
escoa desde a rocha geradora até encontrar uma armadilha geológica. Há
basicamente dois tipos de migração:
Primária:
processo de expulsão do petróleo da rocha geradora. Os fatores controladores
desse fenômeno são incertos, mas acredita-se que ocorra devido a um gradiente
de pressão em resposta à contínua compactação e à expansão volumétrica
ocasionada pela formação do petróleo (PGT, 2010). Este aumento de pressão
produz microfraturas na rocha geradora que permite a passagem do fluido e o
consequente alívio de pressão, formando um ciclo.
Secundária:
percurso que o óleo faz ao longo de uma rocha porosa e permeavél até ser
interceptado por uma armadilha geológica (THOMAS, 2004). Trata-se de um fluxo
em fase contínua que depende do gradiente de pressão devido à compactação, da
pressão capilar e da flutuabilidade (força vertical resultante da diferença de
densidade entre o petróleo e a água).
·
Rocha Reservatório
Trata-se
de uma formação rochosa com características adequadas a acumulação de petróleo.
De maneira geral, ela é composta de grãos, ligados uns aos outros pelo chamado
cimento, juntamente com a matriz, um material muito fino. Exemplos de
rocha-reservatório são os arenitos, calcarenitos, rochas
sedimentares permeáveis com porosidade intergranular e folhelhos e
carbonatos com fraturas. Os parâmetros mais relevantes são:
Porosidade
(φ): espaços vazios no interior da rocha que dependem da forma, arrumação e
variação de tamanho dos grãos, além do grau de cimentação da rocha (THOMAS,
2004). É medida a partir de ensaios em laboratório com amostras da rocha ou
através de perfis elétricos.
Permeabilidade
(K): é a capacidade da rocha de transmitir fluido, dependendo principalmente da
quantidade, geometria e grau de conectividade dos póros. É expressa em Darcys
(D). É geralmente maior na horizontal do que na vertical e muito maior para um
gás do que para um óleo, pois é inversamente proporcinal à viscosidade do fluido.
·
Trapas e Rocha Selante: Aprisionamento do Petróleo
Assim
como é necessário que uma rocha sedimentar apresente porosidade e
permeabilidade para que haja possibilidade da existência de petróleo, é de
extrema importância que haja acima dessa formação uma superfície não porosa e
não permeável, evitando-se assim a migração do petróleo para a superfície e sua
posterior decomposição. Outra característica importante é a plasticidade, pois
ela garante que essa superfície mantenha suas características mesmo que sofra
deformações. Esse tipo de cobertura é conhecido como rocha selante ou cap rock.
As principais rochas que funcionam como rocha selante são as argilosas
(folhelhos), que representam a maioria das rochas de coberturas nos
reservatórios petrolíferos conhecidos, e as evaporíticas (depósitos
salinos). Outra característica necessária para a formação de um
reservatório de petróleo é a existência de armadilhas, ou trapas. Define-se
como armadilha toda e qualquer estrutura rochosa em profundidade, com espaço
geométrico definido e dimensões significativas que sejam capazes de reter
petróleo. Existem três classificações para as armadilhas. Elas podem ser
estruturais, estratigráficas ou mistas, que é a ocorrência simultânea das
outras duas. As armadilhas estruturais são resultado de dobras ou falhas
na rocha, ou seja, correspondem a regiões em que a crosta esteve sujeita a
compressão horizontal. São subdivididas em anticlinais, dobra convexa na
direção dos estratos mais recentes, e blocos falhados (diapiros), áreas que
sofreram dobramentos e rupturas ou falhas nas rochas, tendo uma parte ficada
erguida acima da outra. As armadilhas estratigráficas são devidas
primariamente a barreiras de permeabilidade ocasionadas por fatores
sedimentares, como mudanças faciológicas, variações de propriedades
petrofísicas. Elas são formadas dependendo de como a rocha reservatório foi
originalmente depositada, caso de recifes e canais de arenito oriundos de
meandros de um rio, ou pela erosão da rocha reservatório.
Sem comentários:
Enviar um comentário