AÇÃO GEOLÓGICA / GEOMORFOLÓGICA DO GELO E PROCESSOS GLACIAIS
A
variação da temperatura da Terra sempre foi uma constante. Em toda a
história da Terra nunca houve um período grande em que a temperatura
fosse completamente estável
- Variáveis astronômicas = são as causas dos ciclos glaciais.
- Glaciações = causadas por fenômenos astronômicos: não são cíclicas e não tem períodos determinados.
Hoje, vivemos um período interglacial, o que seria quase o topo ou um período mais quente que já houve na Terra.
Os
períodos glaciais são mais frequentes do que os períodos interglaciais
(o que vivemos hoje), se tratando da História da Terra.
- Era Glacial =
o clima equatorial estará somente na faixa do Equador; os climas
tropicais ficam restritos somente nas faixas dos trópicos. Ou seja, os
climas não desaparecem, não há somente gelo, há sim uma compactação dos
climas.
A glaciação se resume em geleiras =
grandes quantidades de gelo alimentadas pela neve, onde formam-se os
depósitos de gelo. Essas geleiras com cerca de 1m de altura média erode,
carrega materiais de suas encostas tal como um rio que corre de
montante a jusante até se depositar em determinado lugar. Portanto,
também ocorre intemperismo físico nas geleiras (por abrasão – atrito
físico) devido ao contato com a rocha.
As geleiras transportam sedimentos de todos os tamanhos, por ser o gelo o responsável pelo transporte.
A
rocha moutonnée de Salto é o único exemplar desse tipo de estrutura de
abrasão glacial conhecido no neopaleozóico da Bacia do Paraná, associada
às rochas glaciais do Subgrupo Itararé. Localiza-se nos arredores da
cidade de Salto, no centro-leste do Estado de São Paulo.
Um vale glacial é esculpido pelo gelo.
Vale com forma de “U”
Os depósitos tendem a ser mal selecionados. Os mais comuns chamam-se “till”, possuem todo o tipo de sedimentos em todos os tamanhos, com grãos angulosos.
ATIVIDADES GEOLÓGICAS DO GELO
Nenhum
evento na história geológica recente produziu tão profundas
modificações quanto à última grande idade do gelo. O impacto se entende
muito além dos limites do gelo para influenciar cada aspecto físico e
biológico da Terra. Um exemplo, onde hoje estão localizadas as cidades
de Chicago, Detroit, Toronto, onde há 15.000 – 20.000 anos atrás
existiam várias centenas de metros de gelo.
Uma
geleira tem um sistema de gelo fluindo. O gelo escoa através do sistema
saindo ao mesmo tempo pela evaporação ou fusão. Quando o gelo escoa,
ele erode e transporta considerável quantidade de material.
Quando
ocorre uma glaciação, muitos processos geológicos são interrompidos ou
modificados sensivelmente. A água fica retida nas geleiras ao invés de
evaporar e voltar para o mar. Consequentemente, o nível do mar abaixa e o
ciclo hidrológico é muito afetado. A grande quantidade de gelo no
continente modifica a drenagem pré-existente. A erosão causada pela
geleira gera material, o qual será depositado e alterará a topografia
previamente existente. A crosta terrestre é empurrada para baixo pelo
peso do gelo e a água de degele formará lagos que não existiam até
então. O sistema de drenagem modificado poderá influenciar no clima de
uma grande região, mesmo em distâncias grandes da geleira em si. Mesmo
regiões áridas podem sofrer mudanças climáticas drásticas devido a uma
geleira distante.
O
gelo é um importante agente geológico, pois cerca de 10% da área
continental é ocupada permanentemente por gelo. A importância aumenta se
levarmos em conta que nos períodos geológicos passados, tivemos
glaciação a nível mundial.
Para
termos uma ideia, a 1 milhão de anos atrás cerca de 30% dos continentes
estavam cobertos por gelo, inclusive o Brasil (pelas rochas é que
podemos afirmar o clima da Terra. Por exemplo, o mineral calcita só se
cristaliza em clima quente. Então, se encontrarmos calcita, significa
que o clima daquela região era quente quando daquela rocha que contém
calcita). As rochas indicam que na Terra existe o mesmo tipo de clima há
500 milhões de anos.
Geleira
Ocorre
quando a taxa de queda de neve é maior do que a taxa de desgelo. Dessa
forma ocorre o acúmulo de neve. Com o passar do tempo, a neve vai se
tornando mais compacta e densa. Aliado a este fator, temos o fenômeno de
desgelo parcial (derretimento parcial) durante o dia e o regelo à
noite. Dessa forma, a neve vai se transformando em gelo.
Tipos de Geleiras
a) Alpino =
o nome que vem dos Alpes. O maior acúmulo de gelo ocorre em regiões de
montanhas. Essas geleiras podem atingir dimensões consideráveis (+ ou –
100Km de comprimento e 900m de espessura). Caracteriza-se pelo circo
glacial que pode ser descrito como um anfiteatro de paredes abruptas e
fundo chato.
b) Geleira do tipo continental = ocorre por grandes áreas continentais. Por exemplo: Groenlândia.
c) Geleira do tipo Piemonte =
este tipo é na verdade uma mistura entre os outros dois tipos. São
geleiras que nascem nas montanhas, mas se espalham por grandes áreas
continentais.
Temperatura do gelo
Fundo das geleiras = -0,5º
O gelo é um péssimo condutor de calor, então as variações de temperatura não influem na temperatura do gelo.
Movimento das geleiras
Sempre
condicionado pela gravidade e pelo acúmulo de gelo na cabeceira da
geleira. A força da gravidade vai trazendo para baixo o gelo formado no
alto de uma montanha. O acúmulo de gelo vai o empurrando para baixo. Em
alguns lugares o movimento de uma geleira pode ser comparado com um
rio, formando “cachoeiras”; “corredeiras”, etc. Também devido ao
comportamento rígido do gelo, no decorrer do movimento serão abertas e
fechadas fendas na geleira.
Erosão, transporte e deposição por geleira
Erosão
A erosão pelas geleiras se dá por duas formas principais:
I – Abrasão:
fenômeno em que parte do gelo superficial das geleiras é derretido pelo
sol, ar quente e chuva, bem como pelo calor produzido pela própria
geleira. A abrasão
ocorre quando o gelo e a carga de fragmentos rochosos deslizam sobre o
leito de rocha e funcionam como um papel de lixa que alisa e pule a
superfície situada abaixo.
II – Arrastamento glacial
Conforme
uma geleira vai fluindo sobre a Terra, ela erode, transporta e deposita
uma grande quantidade de material, modificando consideravelmente a
topografia pré-existente. As geleiras erodem pelo arraste glacial
(glacial pluking). O material erodido é carregado em suspensão no gelo e
é depositado perto das margens da geleira, quando degelo predomina.
Glacial pluking = é
o transporte e remoção de fragmentos de rocha por uma geleira. É uma
das formas mais eficazes de erosão praticado pelas geleiras. Abaixo da
geleira, a água de degelo se infiltra em juntas e fraturas. Quando a
água se congela novamente e seu volume aumenta em cerca de 9%, blocos de
rochas são desprendidos. Esses blocos são, então, transportados pela
geleira.
Transporte glacial
Da
mesma forma que em rios, os sedimentos transportados por uma geleira
são chamados coletivamente de carga. Todavia, as semelhanças acabam
aqui. A forma com que a geleira transporta sua carga é muito diferente
da forma que são transportados os sedimentos dos rios. A carga em uma
geleira é transportada em suspensão e grandes blocos são transportados
lado a lado com grãos pequenos, sem ocorrer a separação de material de
acordo com o tamanho, como ocorre nos rios. O resultado: os depósitos
glaciais não apresentam estratificações e nem seleção de materiais. A
carga de uma geleira se concentra próximo ao contato entre o gelo e a
rocha. A maioria das partículas carregadas por uma geleira não
apresentam sinais de intemperismo, possuindo superfícies angulares e
estricidas.
Deposição
Muitas
das partículas transportadas por uma geleira são depositadas perto da
terminação da geleira, onde o degelo predomina. Aí o gelo torna-se
estagnado. As forças ativas na geleira fazem com que o gelo recém
chegado a terminação seja jogado para cima do gelo novo. A carga de
sedimento acompanha o gelo sendo concentrada na superfície da geleira.
Quando o degelo é completado, o material é depositado marcando a margem
da geleira.
Alguns
dos sedimentos depositados pela geleira são retrabalhados pelas águas
de degelo. Os sedimentos depositados diretamente (ou indiretamente) pela
geleira em lagos e em rios recebem o nome de “glacial drift” (amontoado glacial). Alguns drifts podem apresentar certe estratificação.
Erosão de deposição do gelo
Uma
geleira vai desagregar as rochas fisicamente, ou seja, temos um
predomínio do intemperismo físico. O poder erosivo de uma geleira é
limitado, contudo ela vai se comportar como uma grande lixa que carrega
tudo o que vê pela frente. Em uma geleira temos aproximadamente 50% de
gelo e 50% de detritos.
Depósitos glaciais
Ocorre
quando a geleira “recua” (derrete). Como ela vai transportar seixos e
blocos de todos os tamanhos, todo esse material será depositado junto.
Assim, temos blocos enormes ao lado de grãos de areia. Outra
característica é a ausência de intemperismo químico.
Nome de rochas formadas por depósitos glaciais
- Tilito / till
- Varvitos / ritmitos
- Sedimentos flúvio-glaciais
Morenas
Nome
genérico para depósito glacial. De acordo com o posicionamento dentro
da geleira, podemos ter: morena basal, morena frontal, morena lateral.
Formas topográficas resultantes da ação do gelo
- Vales suspensos;
- Vales em “U”
Mais conceitos:
Rochas Moutonnées: ocorrem geralmente em granitos e rochas cristalinas. A geleira passa por cima dando um polimento todo especial.
Drumlin: elevações de dimensões variadas, formadas por till argiloso no sentido de movimento da geleira.
Esker: lombada longa e sinuosa formada por areia e cascalho orientada no mesmo sentido que o movimento da geleira.
Kayne: pequenas elevações formadas pelo acúmulo de sedimento em fendas da geleira.
Kettles: depressões.
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