A
Geomorfologia ambiental propõe analisar o relacionamento do relevo com o
ambiente onde ele se insere, bem como fatores que o levem ao equilíbrio
ou desequilíbrio ambiental (Biosfera).
O solo representa a fração desagregada da rocha (litosfera) e tende a
encontrar-se em equilíbrio dinâmico com o ambiente (Biosfera e
Atmosfera), esse equilíbrio ao se quebrado causará uma série de
transformações no relevo que afetará o ambiente como um todo. Estas
mudanças no ambiente podem ter causas cíclicas ou não, naturais ou
antrópicas, reversíveis ou irreversíveis.
Causas Naturais:
· Associadas a mudanças climáticas
· O que muda: Precipitação / Clima / Vegetação
· Como muda: Exposição do solo, intemperismo físico e químico
· Natureza da Mudança: Cíclica em longos períodos (milhares de anos – de acordo com as glaciações existentes)
CAUSAS ANTRÓPICAS:
· Associadas a intervenção do homem junto a alguns fatores ambientais (clima, vegetação e solo)
· O que muda: Em termos efetivos, a remoção da cobertura vegetal (alteração do clima?????)
· Como muda: Exposição do solo, remoção (erosão)
· Natureza da mudança: Não cíclica, em curto período (meses, anos).
Sendo
assim, vemos que o principal processo de modificação efetiva do solo é a
erosão, causada principalmente pela influência humana no ambiente e que
consiste na retirada do material que foi decomposto da rocha original,
num processo também muito atingido pelo intemperismo (a decomposição
propriamente dita).
O PROCESSO DE REMOÇÃO DO SOLO – EROSÃO PLUVIAL
Também
chamada de erosão hídrica, é o tipo de erosão mais importante e
preocupante no Brasil, pois desagrega e transporta o material erodido
com grande facilidade, principalmente em regiões de clima úmido onde
seus resultados são mais drásticos. Gotas de chuva ao impactarem um solo
desprovido de vegetação, desagregam partículas que, conforme seu
tamanho são facilmente carregadas pela enxurrada. Usando um exemplo da
agricultura, quando o agricultor se dá conta de que este processo já
está acontecendo, o solo já está improdutivo.
A erosão pela água se apresenta das seguintes formas:
· Embate (Splash): Ocorre
pelo impacto das gotas de chuva no solo, estando este desprovido de
vegetação; partículas são desagregadas sendo facilmente arrastadas pelas
enxurradas.
· Laminar: Desgasta
de forma uniforme o solo. Em seu estágio inicial é quase imperceptível,
já quando avançado o solo torna-se mais claro (coloração), a água da
enxurrada é lodosa, raízes de plantas perenes afloram e há decréscimo na
colheita.
· Ravinas: Apresentam
sulcos sinuosos ao longo dos declives, estes formados pelo escorrimento
das águas das chuvas no terreno. Uma erosão em lençol pode evoluir para
uma erosão em sulcos, o que não indica que uma iniciou em virtude da
outra. Vários fatores influem para o seu surgimento, um deles é a aração
que acompanha o declive, resultando em desgaste, empobrecimento do solo
e posterior dificuldade para manejo e sulcos já formados.
· Desabamento: Têm
sua principal ocorrência em terrenos arenosos. Sulcos deixados pelas
chuvas sofrem novos atritos de correntes d’água vindo a desmoronar,
aumentando suas dimensões com o passar do tempo.
· Vertical: É a eluviação (quando
as rochas sofrem ações de meteorização, alguns dos componentes
alteram-se e são arrastados pelas águas pluviais infiltradas. Os
materiais residuais constituem os eluviões; ao fenómeno que os origina
dá-se o nome de eluviação. É erosão meteórica (agentes atmosféricos)).
Ou seja, o transporte de partículas e materiais solubilizados do solo. A
porosidade e desagregação do solo influenciam na natureza e intensidade
do processo podendo formar horizontes de impedimento ou deslocar para e
pelas raízes.
CONCEITOS IMPORTANTES
· Lixiviação: Qualquer
processo de extração ou solubilização seletiva de constituintes
químicos de uma rocha, mineral, depósito sedimentar, solo, etc. pela
ação de um fluido percolante.
· Voçoroca: Ravina
geralmente muito funda, podendo atingir mais de 10m de profundidade,
desenvolvida para o plantio de pasto com gramíneas que não seguram a
erosão que se processa, assim de forma vigorosa e rápida.
Exemplo de Ravinamento
Exemplo de Voçoroca
EROSÃO DE SOLOS - ESCORREGAMENTOS E AVALANHCES
MOVIMENTO DE MASSA: É
o movimento de solo ou material rochoso encosta abaixo sob a influência
da gravidade, sem a contribuição direta de outros fatores como água, ar
ou gelo. Entretanto, água e gelo geralmente estarão envolvidos em tais
movimentos, reduzindo a resistência dos materiais e interferindo na
plasticidade e fluidez dos solos. Internamente estão ligados à alteração
do equilíbrio entre as tensões no interior da massa. esse equilíbrio é
controlado pelo teor de água e pelo teor e estrutura interna das
mecânicas e/ou hidráulicas, localizando-se preferencialmente nos
contatos entre o solo, o regolito e a rocha sã. Podem ser deflagrados
por eventos chuvosos extremos, chuvas prolongadas de intensidade
moderada, terremotos, erupções vulcânicas e derretimento de geleiras. Na
maior parte dos casos, a chuva é o principal agente deflagrador. a
deflagração também está relacionada às condições que antecedem o evento
pluviométrico extremo. Há maior probabilidade de ocorrência de
movimentos quando um forte aguaceiro é precedido por dias consecutivos
de chuva, que aumentam o grau de saturação do solo. Uma chuva intensa
precedida por dias secos também podem provocar movimentos, mas a
probabilidade de ocorrência diminui quando comparada à situação
anterior. Os movimentos de massa também estão associados a fatores como
estrutura geológica, características do material envolvido e morfologia
do terreno (declividade, tipo e modelado e forma das enconstas) e forma
de uso da terra.
· Estutura
geológica: diz respeito principlamente às falhas, fraturas, bandamentos
e foliações. A existência destas estruturas, associada às suas
características (direção e mergulho), condicionam o surgimento de
descontinuidades mecânicas e hidráulicas, as quais contribuem
decisivamente na deflagração de movimentos.
· As
características dos materiais: estão relacionadas a granulometria,
porosidade, permeabilidade, resitência ao cisalhamento, entre outros.
Estas características determinam a estabilidade natural dos materiais e
também são responsáveis pelo surgimento das descontinuidades
mencionadas.
· A
morfologia do terreno: é um dos principais fatores que condicionam a
ocorrência de movimentos. A declividade favorece o rápido deslocamento
de massas de solo e blocos de rocha ao longo das encostas pelo efeito da
gravidade. Entretanto, nem sempre o maior número de movimentos ocorre
nas áreas mais íngremes. Isso se deve a variações no tipo de cobertura
vegetal e ao fato dos terrenos mais íngremes geralmente serem
constituídos por afloramentos rochosos desprovidos de cobertura
superficial. Quanto aos tipos de modelado, as áreas de dissecação que
apresentam forte incisão dos vales junto às encostas íngremes são as
mais suscetíveis a movimentos de massa. A forma das encostas também é um
fator importante. Encostas retilíneas são as mais perigosas, por
apresentarem uma declividade relativamente constante ao longo de seu
perfil, o que facilita o rápido deslocamento dos matérias superficiais.
CLASSIFICAÇÃO DOS MOVIMENTOS DE MASSA
· Rastejamento (Creep) – é
o movimento gravitacional lento e contínuo da camada superficial do
solo, perceptível somente em observações de longa duração. Essa camada
superficial geralmente não chega a um metro de profundidade, mas pode
atingir 10 metros em alguns locais.
· Os escorregamentos (slides) – são
movimentos rápidos, de curta duração e com plano de ruptura bem
definido, sendo possível a distinção entre o material deslizado e o que
não foi movimentado.
· As corridas (flow) – também
são movimentos rápidos, associados à concentração de fluxos d’água
superficiais em determinado ponto da encosta. Geralmente os materiais
(solo, pequenos blocos e restos vegetais) são transportados ao longo de
canais de drenagem e se comportam como um fluido altamente viscoso. Uma
corrida pode ser gerada por pequenos escorregamentos que se deslocam em
direção aos cursos d’água, o que torna difícil a distinção ente estes
dois tipos de movimento.
· Desabamentos ou queda de blocos (rockfalls) – representam
movimentos em queda livre de blocos e lascas de rocha. São resultantes
do avanço do intemperismo físico e químico através das descontinuidades
das rochas, representados por falhas, fraturas e bandamentos.
Os
movimentos de massa fazem parte da dinâmica da paisagem. Destacam-se
como um dos principais processos geomorfológicos responsáveis pela
evolução do relevo, sobretudo em áreas montanhosas. Remobilizam
materiais ao longo das encostas em direção às planícies e promovem,
juntamente com os processos erosivos, o recuo das encostas e a formação
de rampas coluviais. Entretanto, quando ocorrem em áreas ocupadas podem
se tornar um problema, causando mortes e enormes prejuízos materiais.
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