Os ossos, quando expostos, se decompõem e sua destruição faz parte
do ciclo natural de reciclagem de nutrientes pelo solo. A chance de um
osso virar um fóssil depende da intensidade dos processos destrutivos e
da sorte de ser soterrado antes da completa destruição. O conjunto de
processos físico-químicos pelos quais os ossos expostos passam quando
estão na superfície chama-se intemperismo.
Poucos são os trabalhos sobre intemperismo nos ossos, sendo esta
uma das características tafonômicas menos observadas quando se analisam
assembléias fósseis. Um trabalho clássico é o de Behrensmeyer (1978),
que propôs os seguintes estágios de intemperismo:
estágio 0:
A superfície do osso não apresenta sinais de rachaduras nem de
lascas. Geralmente os ossos estão frescos, com restos de tecidos moles
nas cavidades e pele ou restos de ligamentos e músculos recobrindo a
superfície do osso;
estágio 1:
Ossos começam a apresentar rachaduras. Gordura, pele e outros tecidos podem não estar presentes;
estágio 2:
As camadas mais superficiais dos ossos começam a soltar lascas,
associadas a rachaduras; pequenas lascas de ossos podem se soltar.
Lascas mais profundas começam a se formar até a parte mais superficial
dos ossos estar toda rachada. Pequenos pedaços remanescentes de
ligamentos, cartilagem e pele podem estar presentes;
estágio 3:
A superfície óssea é caracterizada por pedaços ásperos de osso
compacto, resultando numa superfície fibrosa; nestes fragmentos todas as
camadas externas e concêntricas de osso foram removidas e,
gradualmente, toda a superfície do osso assume esta característica. O
intemperismo não ultrapassa os primeiros 1-1,5 mm da superfície do osso e
as fibras ósseas ainda se encontram firmemente ligadas umas as outras.
Tecidos moles são raros neste estágio.
estágio 4:
A superfície do osso se apresenta com uma textura fibrosa, ocorrem
grandes e pequenas lascas que podem se soltar quando o osso é movido e
até as cavidades mais internas já se encontram intemperizadas.
estágio 5:
O osso está se desintegrando no lugar, com grandes lascas se
soltando e sendo facilmente quebrado quando movido. A forma original do
osso pode ser difícil de identificar.
Ossos em diferentes estágios de intemperismo, de acordo com
Behrensmeyer (1978). Em (A), ísquio (osso do quadril) em estágio 1; em
(B) vértebras em estágio 2 e (C) fragmento de osso longo em estágio 4.
Behrensmeyer (1978) afirma que o intemperismo atua mais na parte
exposta do osso do que na parte em contato com o solo. Portanto,
encontrar um osso com dois estágios de intemperismo não é algo tão
incomum, mas a principal conclusão desta autora é que ossos encontrados
nos estágios 0 a 3 ficaram, no máximo, 10 anos expostos, enquanto os
ossos encontrados nos estágios 3 a 5 ficaram até 15 anos expostos. Isso
levou a conclusão de que a duração de um osso exposto na superfície é
de, no máximo, 20 anos.
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