Os nomes dos planetas são associados a deuses romanos: Júpiter, deus dos deuses; Marte, deus da guerra; Mercúrio, mensageiro dos deuses; Vênus, deusa do amor e da beleza; Saturno, pai de Júpiter, deus da agricultura; Urano, deus do céu e das estrelas, Netuno, deus do Mar e Plutão, deus do inferno.
Uma frase mnemônica para lembrar a ordem é:
Meu E R C Ú R I O |
Velho Ê N U S |
Tio E R R A |
Me A R T E |
Jurou U P I T E R |
Ser A T U R N O |
Um R A N O |
Netuniano E T U N O |
Ou: Minha Vó Tem Muitas Jóias. Só Usa Nua.
O corpo dominante do sistema solar é o Sol, como pode ser visto na tabela abaixo. Todos os planetas giram em torno do Sol aproximadamente no mesmo plano e no mesmo sentido, e quase todos os planetas giram em torno de seu próprio eixo no mesmo sentido da translação em torno do Sol.
Massa no Sistema Solar
Órbitas dos planetas externos em torno do Sol e do cometa Halley (elipse bastante excêntrica). A órbita de Plutão é inclinada 17° em relação ao plano médio dos outros planetas
Componente | Massa |
---|---|
Sol | 99,85% |
Júpiter | 0,10% |
Demais planetas | 0,04% |
Cometas | 0,01% (?) |
Satélites e anéis | 0,000 05% |
Asteróides | 0,000 000 2% |
Meteoróides e poeira | 0,000 000 1% (?) |
Órbitas dos planetas externos em torno do Sol e do cometa Halley (elipse bastante excêntrica). A órbita de Plutão é inclinada 17° em relação ao plano médio dos outros planetas
Composição Química da Atmosfera do Sol
Elemento | Z | A | Percentagem | Percentagem |
---|---|---|---|---|
em massa | em número | |||
de partículas | ||||
H | 1 | 1 | 70,57 % | 91,2% |
He | 2 | 4 | 27,52% | 8,7% |
O | 8 | 16 | 0,9592% | 0,078% |
C | 6 | 12 | 0,3032% | 0,043% |
Ne | 10 | 20 | 0,1548% | |
Fe | 26 | 56 | 0,1169% | |
N | 7 | 14 | 0,1105% | |
Si | 14 | 28 | 0,0653% | |
Mg | 12 | 24 | 0,0513% | |
S | 16 | 32 | 0,0396% | |
Ne | 12 | 24 | 0,0208% | |
Mg | 12 | 26 | 0,0079% | |
Ar | 18 | 36 | 0,0077% | |
Fe | 26 | 54 | 0,0072% | |
Mg | 12 | 25 | 0,0069% | |
Ca | 20 | 40 | 0,0060% | |
Al | 13 | 27 | 0,0058% | |
Ni | 28 | 58 | 0,0049% | |
C | 6 | 13 | 0,0037% | |
He | 2 | 3 | 0,0035% | |
Si | 14 | 29 | 0,0034% | |
Na | 11 | 23 | 0,0033% | |
Fe | 26 | 57 | 0,0028% | |
Si | 14 | 30 | 0,0024% | |
H | 1 | 2 | 0,0023% |
As observações modernas indicam que muitas nuvens de gás interestelar estão no processo de colapsar em estrelas, e os argumentos físicos que predizem o achatamento e o aumento da taxa de spin estão corretos. A contribuição moderna à hipótese nebular diz respeito principalmente a como os planetas se formaram a partir do gás no disco, e foi desenvolvida nos anos 1940 pelo físico alemão Carl Friedrich Freiherr von Weizäcker (1912-2007). Após o colapso da nuvem, ela começou a esfriar; apenas o Proto-sol, no centro, manteve sua temperatura. O resfriamento acarretou a condensação rápida do material, o que deu origem aos planetesimais, agregados de material com tamanhos da ordem de quilômetros de diâmetro, cuja composição dependia da distância ao Sol: regiões mais externas tinham temperaturas mais baixa, e mesmo os materiais voláteis tinham condições de se condensar, ao passo que nas regiões mais internas e quentes, as substâncias voláteis foram perdidas. Os planetesimais a seguir cresceram por acreção de material para dar origem a objetos maiores, os núcleos planetários. Na parte externa do sistema solar, onde o material condensado da nebulosa continha silicatos e gelos, esses núcleos cresceram até atingiram massas da ordem de 10 vezes a massa da Terra, ficando tão grandes a ponto de poderem atrair o gás a seu redor, e então cresceram mais ainda por acreção de grande quantidade de hidrogênio e hélio da nebulosa solar. Deram origem assim aos planetas jovianos. Na parte interna, onde apenas os silicatos estavam presentes, os núcleos planetários não puderam crescer muito, dando origem aos planetas terrestres.
Planetologia Comparada
Características Gerais dos Planetas
Propriedades fundamentais dos Planetas
Massa: determinada a partir da terceira lei de Kepler, se o planeta tem satélites. Se não tem, é determinada a partir de perturbações causadas nas órbitas de outros planetas ou de satélites artificiais que são enviados até estes planetas.
Raio: medido diretamente do tamanho angular, quando se conhece a distância.
Distância ao Sol: determinada a partir da paralaxe geocêntrica do planeta, ou, mais modernamente, por medidas de radar.
Composição química: pode ser estimada a partir da densidade média do planeta, e por espectroscopia.
Outras propriedades importantes dos planetas são:
Rotação: todos os planetas apresentam rotação, detectada a partir da observação de aspectos de sua superfície, por medidas de efeito Doppler ou de taxas de rotação do campo magnético.
Temperatura: como os planetas obtém a maior parte de sua energia da luz solar, suas temperaturas dependem basicamente de sua distância ao Sol. Existe uma relação simples entre a temperatura característica, ou temperatura efetiva (Tef) de um planeta e sua distância ao Sol (a):
|
Estrutura Interna
Camada | Espessura (km) | Densidade (g/cm3) |
---|---|---|
Crosta | 35 | 2,5 - 2,6 |
Crosta oceânica | 5 - 12 | 3,0 - 3,5 |
Manto | 2885 | 4,5 - 10 |
Núcleo externo (líquido) | 2270 | 10,7 - 11 |
Núcleo interno (sólido)) | 1216 | 13,5 |
O equilíbrio do planeta é mantido por duas forças opostas: a auto-gravitação e a força decorrente da pressão. Assim, se o planeta não está nem se expandindo nem se contraindo, ele tem que obedecer à equação de equilíbrio hidrostático, isto é, em cada ponto, o peso (FG) das camadas superiores é balanceado pela força de pressão das camadas inferiores (dPds), onde ds é um elemento de área.
Mais detalhadamente, vamos considerar um elemento de volume cilíndrico, a uma distância r do centro da estrela, com seu eixo na direção do centro, com uma seção transversal ds e um comprimento dr. A força de pressão atuando sobre este elemento, isto é, a diferença entre a força de pressão na parede interna e a força de pressão na parede externa, é dada por:
Considerando que a pressão na superfície é muito menor que a pressão no centro, podemos integrar a equação de equilíbrio hidrostático do centro (r=0, P=Pc) até a superfície (r=R, P=Ps<<Pc) a pressão central é dada por:
A pressão a uma distância r do centro do planeta fica:
A densidade de massa () pode ser obtida através do momento de inércia I em torno do eixo de rotação (L=Iw):
O fator K caracteriza a distribuição interna de matéria. Se a densidade for homogênea, K = 0,4; se a densidade for maior nas partes centrais K < 0,4, e vice-versa. Os planetas jovianos também se distinguem dos planetas terrestres por possuírem valores menores de K. A partir de estudos do momento de inércia se sabe que os núcleo dos planetas jovianos é mais denso e, portanto, menor, e também que Júpiter e Saturno não podem ter superfície sólida de tamanho significativo, isto é, só pode ter um núcleo sólido pequeno.
A estrutura interna de um planeta pode ser bem conhecida se for possível medir a transmissão de ondas sísmicas nele. Essas ondas podem ser produzidas por terremotos naturais ou por impactos artificiais.
Seqüência de fotos de Saturno de 2004 a 2007 por ©Alan Friedman
Superfícies
As superfícies da Lua e de Mercúrio são parecidas, com grande número de crateras e grandes regiões baixas e planas.
Marte apresenta uma superfície com montanhas, vales e canais.
A superfície de Vênus não é visível devido às densas nuvens de ácido sulfúrico que cobrem o planeta, mas estudos em rádio (radar) revelam que essa superfície é composta principalmente de terrenos baixos e relativamente planos, mas também apresenta planaltos e montanhas.
Os principais processos que determinam alterações na crosta posteriormente à sua formação, e portanto determinam o rejuvenescimento da crosta, são: atividade geológica, erosão e cratereamento.
Atividade geológica
A Terra, com cerca de 4,5 bilhões de anos, é um pouco mais jovem do que o Sol, com cerca de 5 bilhões de anos. Na Terra, tanto a presença de vulcões ativos quanto o movimento das placas tectônicas contribuem para o renovamento da crosta. Em Marte existem grandes vulcões, e alguns deles podem ser ativos, mas não há evidência de tectonismo de placas.
Na Lua atualmente acontecem poucos sismos por anos (milhares, comparados com milhões na Terra), mas na época em que a Lua era jovem, há cerca de 4 ou 3 bilhões de anos atrás, houve um grande vazamento de lava à superfície, que posteriormente se solidificou formando os mares (marias) lunares (regiões escuras, aparentemente baixa e planas, e que contêm muitas crateras). A Lua tem crosta assimétrica, sendo mais delgada (60 Km) no lado voltado para a Terra, e mais espessa (150 Km) no lado oposto. O número de mares é maior no lado em que a crosta é delgada.
Vênus aparentemente é menos ativo do que a Terra, mas parece ter mais atividade geológica persistente do que Marte. Isso indica que Vênus teria retido mais do seu calor residual do que Marte, o que está de acordo com o fato de Vênus ser maior do que Marte. Também acontece atividade geológica em Io, o satélite de Júpiter mais próximo do planeta. Io apresenta um alto nível de atividade vulcânica.
Ariel e Titânia, satélites de Urano, também apresentam sinais de atividade catastrófica recente.
Erosão
Cratereamento
O número de crateras de impacto numa superfície nos permite estimar a sua idade, pois o número de crateras é proporcional ao tempo decorrido desde que a superfície foi exposta. Portanto, em um dado planeta, o terreno mais cratereado será sempre o mais antigo.
No impacto, a energia cinética
O tamanho da cratera gerada é proporcional à potência 1/3 da energia do impacto. Assim, sabendo que um impacto com energia de 1 Mton TNT abre uma cratera de 1 km de diâmetro, num impacto como o acima descrito a cratera aberta teria um diâmetro de 80 km.
A cratera de Chicxulub, no México, supostamente gerada no impacto que causou a extinção dos dinossauros, há 65 milhões de anos, tem diâmetro de 200 km, e acredita-se que o asteróide que a provocou tinha um diâmetro de no mínimo 10 km. A energia liberada nessa explosão foi equivalente a 5 bilhões de bombas nucleares do tamanho da bomba de Hiroshima. Cálculos atuais mostram que impactos grandes como esse, na Terra, ocorrem numa taxa de 1 a cada 30 milhões de anos. Possivelmente o continente primordial, Pangea, foi rompido a 225 milhões de anos pela colisão de um grande asteróide.
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Atmosferas planetárias
A composição da atmosfera dos planetas pode ser conhecida pela análise espectral da luz solar que eles refletem. Como essa luz solar refletida atravessou parte da atmosfera do planeta, e as moléculas do gás na atmosfera absorvem certos comprimentos de onda, o espectro apresenta certas linhas escuras que não aparecem no espectro solar. A identificação dessas linhas escura permite identificar os gases que as produziram, assim como a pressão e temperatura da atmosfera. Os gases presentes na atmosfera de um planeta depende dos constituintes químicos de que o planeta se formou, e da massa do planeta. Os planetas terrestres se formaram sem atmosferas extensas, e sua atmosfera atual não é primitiva, mas sim foi formada ao longo do tempo geológico a partir de gases escapados de seu interior. O impacto com cometas também contribui com alguns componentes dessa atmosfera secundária.Já os planetas massivos têm um tipo de atmosfera totalmente diferente, dominada pelos gases mais leves e mais comuns, especialmente hidrogênio e hélio. Evidentemente esses planetas foram capazes de reter o gás presente no sistema solar na época de sua formação.
A retenção de atmosferas é um compromisso entre a energia cinética (ou temperatura) das moléculas do gás e a velocidade de escape do planeta (ou de sua massa).
Sabe-se que para um gás ideal, a energia cinética média de suas moléculas é
- Constante de Boltzmann: k = 1,381 × 10-23 J/K (sistema MKS)
- Constante de Boltzmann: k = 1,381 × 10-16 ergs/K (sistema cgs)
A velocidade das moléculas, portanto, depende da temperatura do gás e da massa molecular do gás. A uma mesma temperatura, quanto mais pesado o gás, menor a velocidade média de suas moléculas.
Como as moléculas do gás têm uma distribuição Maxwelliana de velocidades, a probabilidade P(v) de que uma partícula tenha velocidade (v) é dada por:
Estes cálculos mostram que, para um planeta reter um certo gás por bilhões de anos, a velocidade média de suas moléculas deve ser menor do que 1/6 da velocidade de escape do planeta, já que:
mp = 1,66 x 10-24 g
mO = 16 mp
G = 6,67 x 10-8g-1 cm3 s-1
MTerra = 5,98 x 1027 g
RTerra = 6,37 x 108 cm.
Por exemplo, a velocidade média das moléculas do oxigênio, a uma temperatura de 293 K (temperatura típica na superfície da Terra), é de 1 Km/s, e a velocidade média das moléculas do hidrogênio, na mesma temperatura é de 2 km/s. Como a velocidade de escape da Terra é 11 km/s, que é mais do que 6 vezes maior do que a velocidade média das moléculas de oxigênio, mas é menos do que 6 vezes maior do que a velocidade média das moléculas do hidrogênio, a atmosfera da Terra retém o oxigênio, mas não o hidrogênio.
Velocidade de Escape dos Planetas
Planeta | Velocidade |
---|---|
(km/s) | |
Mercúrio | 4,2 |
Vênus | 10,3 |
Terra | 11,2 |
Lua | 2,4 |
Marte | 5,0 |
Júpiter | 61 |
Saturno | 37 |
Urano | 22 |
Netuno | 25 |
Velocidade dos gases a diferentes temperaturas e a velocidade de escape dos planetas e satélites.
Efeito estufa
A maioria dos planetas que têm atmosferas experimenta alguma elevação da temperatura de sua superfície devido ao efeito de acobertamento pela atmosfera, o chamado efeito estufa. O efeito estufa é maior para Vênus, que na realidade, tem uma temperatura superficial mais alta do que a de Mercúrio, embora esteja muito mais distante do Sol do que este.Isso acontece por causa da grande quantidade de na atmosfera de Vênus. Como este gás é opaco à radiação infra-vermelha, quando a superfície do planeta absorve a luz solar e re-irradia parte dele como calor (radiação infra-vermelha), o dióxido de carbono na atmosfera impede que essa radiação escape para fora. Em consequência, a superfície aquece.
Na Terra, a quantidade de dióxido de carbono foi reduzida como consequência da existência de vida. Na ausência de vida provavelmente teríamos uma atmosfera mais massiva e dominada por .
Os organismos vivos contribuem para a diminuição desse gás na atmosfera de duas maneiras: uma é que as criaturas marinhas usam os carbonatos como principal constituinte de suas conchas e carapaças protetoras. Quando elas morrem, essas cascas afundam e se petrificam, até que eventualmente são ejetadas para a superfície nas explosões vulcânicas. Mas os organismos vivos rapidamente os reciclam novamente. A outra maneira como a vida remove o é pela produção de depósitos de combustíveis fósseis, predominantemente o carvão. O petróleo não é mais necessariamente considerado um combustível fóssil (biogênico), pois pode ser um hidrocarboneto primordial (abiogênico), ao qual produtos biológicos foram adicionados.
Mesmo apesar de existir em pequena quantidade, o presente na atmosfera da Terra ainda é o principal fator da produção do efeito estufa na Terra, embora o vapor d'água e os CFCs também contribuem.
A figura da esquerda apresenta medidas da variação da temperatura global em relação à temperatura de 1950, mostrando um aumento de 0,8° até o ano 2000. O gráfico da direita mostra um modelo de variação da temperatura no topo da troposfera até o ano 2100, baseado na tendência atual. É previsto um aumento de 0,6° em 100 anos. É importante notar que na última era glacial a variação de temperatura no topo da troposfera foi de apenas 0,2°.
A Terra como um grão de pimenta
Auto-Teste
Corpos Menores do Sistema Solar Astronomia e Astrofísica
© Kepler de Souza Oliveira Filho & Maria de Fátima Oliveira Saraiva
Modificada em 1 oct 2012
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