A Teoria Heliocêntrica conseguiu dar explicações mais simples e naturais para os fenômenos observados (por exemplo, o movimento retrógrado dos planetas), porém Copérnico não conseguiu prever as posições dos planetas de forma precisa, nem conseguiu provar que a Terra estava em movimento.
Tycho
O excelente trabalho de Tycho como observador lhe propiciou o patrocínio do rei da Dinamarca, Frederic II (1534-1588), e assim Tycho pode construiu seu próprio observatório, na pequena ilha báltica de Hven (entre Dinamarca e Suécia).
Tycho Brahe não acreditava na hipótese heliocêntrica de Copérnico, mas foram suas observações dos planetas que levaram às leis de Kepler do movimento planetário.
Em 1600 (um ano antes de sua morte), Tycho contratou para ajudá-lo na análise dos dados sobre os planetas, colhidos durante 20 anos, um jovem e hábil matemático alemão chamado Johannes Kepler (1571-1630).
Kepler
O planeta para o qual havia o maior número de dados era Marte. Kepler conseguiu determinar as diferentes posições da Terra após cada período sideral de Marte, e assim conseguiu traçar a órbita da Terra. Encontrou que essa órbita era muito bem ajustada por um círculo excêntrico, isto é, com o Sol um pouco afastado do centro.
Embora as órbitas dos planetas sejam elipses, as elipticidades são tão pequenas que elas se parecem com círculos. Nesta figura mostramos a elipse que descreve a órbita da Terra em torno do Sol, na forma correta. A posição do Sol, no foco, está marcada por um pequeno círculo.
Finalmente, passou à tentativa de representar a órbita de Marte com uma oval, e rapidamente descobriu que uma elipse ajustava muito bem os dados. (O indiano Aryabhata I (476-550), escreveu em seu tratado de astronomia e matemática, Aryabhatiya, que as órbitas dos planetas em torno do Sol deveriam ser elipses.) A posição do Sol coincidia com um dos focos da elipse. Ficou assim explicada também a trajetória quase circular da Terra, com o Sol afastado do centro.
Embora as órbitas dos planetas sejam elipses, as elipticidades são tão pequenas que elas se parecem com círculos. Nestas figuras mostramos as elipses que descrevem as órbitas de Marte e Plutão em torno do Sol, na forma correta. A órbita de Plutão tem grande excentricidade, comum entre os asteróides do Sistema Solar. A órbita de Marte está entre as mais excêntricas dos planetas, só perdendo para Mercúrio. A posição do Sol, no foco, está marcada por um pequeno círculo, e o centro da órbita por uma cruz.
Propriedades das Elipses
- Em qualquer ponto da curva, a soma das distâncias desse ponto aos
dois focos é constante. Sendo F e F' os focos,
P um ponto
sobre a elipse, e a o seu semi-eixo maior, então:
F P + F' P = constante = 2a
- Quanto maior a distância entre os dois focos, maior é a
excentricidade (e) da elipse. Sendo c a distância do centro
a cada foco, a o semi-eixo maior, e b o semi-eixo menor, a excentricidade
é definida por;
- Se imaginamos que um dos focos da órbita do planeta é ocupado
pelo Sol, o ponto da órbita mais próximo do Sol é chamado
periélio, e o ponto mais distante é chamado afélio.
A distância do periélio ao foco () é:
e a distância do afélio ao foco () é:
As Leis de Kepler
- Lei das órbitas elípticas (Astronomia Nova, 1609): A órbita de cada planeta é uma elipse, com o Sol em um dos focos. Como consequência da órbita ser elíptica, a distância do Sol ao planeta varia ao longo de sua órbita.
- Lei da áreas (1609): A reta unindo o planeta ao Sol varre áreas iguais em tempos iguais. O significado físico desta lei é que a velocidade orbital não é uniforme, mas varia de forma regular: quanto mais distante o planeta está do Sol, mais devagar ele se move. Dizendo de outra maneira, esta lei estabelece que a velocidade areal é constante.
- Lei harmônica (Harmonices Mundi, 1618):
O quadrado do período orbital dos planetas é diretamente proporcional
ao cubo de sua distância média ao Sol.
Esta lei estabelece que planetas com órbitas maiores se movem mais lentamente
em torno do Sol e, portanto, isso implica que a força entre o Sol e o planeta
decresce com a distância ao Sol.
Sendo P o período sideral do planeta, a o semi-eixo maior da órbita, que
é igual à distância média do planeta ao Sol, e K uma constante,
podemos expressar a lei como:
Se medimos P em anos (o período sideral da Terra), e a em unidades astronômicas (a distância média da Terra ao Sol), então K = 1, e podemos escrever a lei como:
Planeta | Semi-eixo | Período | ||
---|---|---|---|---|
Maior (UA) | (anos) | a3 | P2 | |
Mercúrio | 0,387 | 0,241 | 0,058 | 0,058 |
Vênus | 0,723 | 0,615 | 0,378 | 0,378 |
Terra | 1,000 | 1,000 | 1,000 | 1,000 |
Marte | 1,524 | 1,881 | 3,537 | 3,537 |
Júpiter | 5,203 | 11,862 | 140,8 | 140,7 |
Saturno | 9,534 | 29,456 | 867,9 | 867,7 |
Galileo
Telescópios de Galileo no Istituto e Museo di Storia della Scienza, em Florença.
- descobriu que a Via Láctea era constituída por uma infinidade de estrelas.
- descobriu que Júpiter tinha quatro satélites, ou luas, orbitando em torno dele, com períodos entre 2 e 17 dias. Esses satélites são chamados "galileanos", e são: Io, Europa, Ganimedes e Calisto. Desde então, mais 57 satélites foram descobertos em Júpiter. Essa descoberta de Galileo foi particularmente importante porque mostrou que podia haver centros de movimento que por sua vez também estavam em movimento; portanto o fato da Lua girar em torno da Terra não implicava que a Terra estivesse parada.
- descobriu que Vênus passa por um ciclo de fases, assim como a Lua.
- descobriu a superfície em relevo da Lua, e as manchas do Sol. Ao ver que a Lua tem cavidades e elevações assim como a Terra, e que o Sol também não tem a superfície lisa, mas apresenta marcas, provou que os corpos celestes não são esferas perfeitas, mas sim têm irregularidades, assim como a Terra. Portanto a Terra não é diferente dos outros corpos, e pode ser também um corpo celeste.
Reprodução de um desenho de Galileu mostrando as manchas solares, em 23 de junho de 1612.
O astrônomo alemão Simon Marius (Mayr) (1573-1624) afirma ter descoberto os satélites de Júpiter algumas semanas antes de Galileo, mas Galileo, descobrindo-os independentemente em 7 e 13 de janeiro de 1610, publicou primeiro, em março de 1610, no seu Sidereus Nuncius. Os atuais nomes dos satélites foram dados por Marius em 1614, seguindo sugestão de Johannes Kepler. Na mitologia grega, Io, Calisto e Europa foram mulheres amantes de Zeus (Júpiter), enquanto Ganimedes foi um jovem de extraordinária beleza, por quem Zeus se apaixonou e atraiu ao Olimpo levado por uma águia.
Bíblia: A razão da proibição da Igreja ao heliocentrismo era que no Salmo 104:5 do Antigo Testamento da Bíblia, está escrito: Deus colocou a Terra em suas fundações, para que nunca se mova.
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