Júlio C. de Carvalho
O mercúrio é um metal obtido através da ustulação de sulfetos e outros minerais. Ele é utilizado em garimpos, em antigas fábricas de cloro e soda (como catalisador em alguns processos químicos) e em pilhas de óxido de mercúrio.
Esse metal, o único líquido à temperatura ambiente, e relativamente pouco reativo, é conhecido desde a antiguidade, com referências a ele vindas dos antigos hindus e chineses. O nome mais comum, mercúrio, é uma referência ao planeta de mesmo nome, que faz uma volta em torno do sol em apenas 88 dias e é, na mitologia, o mensageiro dos deuses - rápido como o próprio metal, chamado em algumas línguas de "prata rápida" (quicksilver) e variações.
Devido à alta densidade e estabilidade ao ar, o mercúrio foi presença garantida nos laboratórios de física e química de todas as épocas, tendo possibilitado a construção de termômetros, barômetros, bombas de vácuo e outros equipamentos. Na arte, o cinábrio (HgS, principal minério de mercúrio) aparece em pinturas antigas, já que o minério é um excelente pigmento vermelho.
Em garimpos, o mercúrio é usado para dissolver partículas de ouro que se encontram junto a pedras e areia, formando um amálgama (liga líquida de um metal com mercúrio). A evaporação do mercúrio, por aquecimento, deixa o ouro como resíduo e gera grandes quantidades de vapor de mercúrio - estima-se que 650 a 1.000 toneladas por ano, ou um terço do total de emissões do metal. A contribuição brasileira é estimada em 10 a 30 toneladas por ano.
Perigos à saúde
Tremores musculares, coceira persistente, sensação de queimação na pele, mudanças de personalidade. Estes são alguns dos sintomas do envenenamento crônico, ou seja, absorção freqüente de pequenas quantidades do elemento ou seus derivados. Já o envenenamento agudo, pela ingestão de compostos de mercúrio, é ainda pior: se não tratado, leva à morte em cerca de uma semana.
Em nosso dia-a-dia o mercúrio está presente em termômetros, lâmpadas fluorescentes, pilhas e até mesmo nas obturações de dentes. Mas, provavelmente a quantidade de mercúrio com a qual você já teve contato é muito pequena, e nem todas as formas são tóxicas. Enquanto o vapor de mercúrio, lentamente liberado pelo metal puro, pode ser absorvido pela respiração e acumular-se no organismo, engolir uma gota de mercúrio é um acidente relativamente inócuo - o metal passa sem ser absorvido.
Destino do mercúrio
Hoje, há uma tendência em substituir os processos químicos que usam mercúrio por outros com menor risco ambiental. Essa mudança, porém, é lenta e tem um efeito colateral: estima-se que serão recuperadas grandes quantidades do metal (mais de 14.000 toneladas) apenas nos EUA e Europa.
Mas como guardar um líquido 13 vezes mais denso que a água, e que ainda por cima dissolve quase todos os metais? Uma idéia para o armazenamento de grandes quantidades de mercúrio é devolvê-lo ao local de origem em tonéis de ferro e aço, que resistem ao material. Reciclar lâmpadas queimadas e enviar as pilhas de volta ao fabricante também são uma práticas importantes.
Júlio C. de Carvalho é engenheiro químico e professor do curso de engenharia de bioprocessos e biotecnologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Esse metal, o único líquido à temperatura ambiente, e relativamente pouco reativo, é conhecido desde a antiguidade, com referências a ele vindas dos antigos hindus e chineses. O nome mais comum, mercúrio, é uma referência ao planeta de mesmo nome, que faz uma volta em torno do sol em apenas 88 dias e é, na mitologia, o mensageiro dos deuses - rápido como o próprio metal, chamado em algumas línguas de "prata rápida" (quicksilver) e variações.
Devido à alta densidade e estabilidade ao ar, o mercúrio foi presença garantida nos laboratórios de física e química de todas as épocas, tendo possibilitado a construção de termômetros, barômetros, bombas de vácuo e outros equipamentos. Na arte, o cinábrio (HgS, principal minério de mercúrio) aparece em pinturas antigas, já que o minério é um excelente pigmento vermelho.
Em garimpos, o mercúrio é usado para dissolver partículas de ouro que se encontram junto a pedras e areia, formando um amálgama (liga líquida de um metal com mercúrio). A evaporação do mercúrio, por aquecimento, deixa o ouro como resíduo e gera grandes quantidades de vapor de mercúrio - estima-se que 650 a 1.000 toneladas por ano, ou um terço do total de emissões do metal. A contribuição brasileira é estimada em 10 a 30 toneladas por ano.
Perigos à saúde
Tremores musculares, coceira persistente, sensação de queimação na pele, mudanças de personalidade. Estes são alguns dos sintomas do envenenamento crônico, ou seja, absorção freqüente de pequenas quantidades do elemento ou seus derivados. Já o envenenamento agudo, pela ingestão de compostos de mercúrio, é ainda pior: se não tratado, leva à morte em cerca de uma semana.
Em nosso dia-a-dia o mercúrio está presente em termômetros, lâmpadas fluorescentes, pilhas e até mesmo nas obturações de dentes. Mas, provavelmente a quantidade de mercúrio com a qual você já teve contato é muito pequena, e nem todas as formas são tóxicas. Enquanto o vapor de mercúrio, lentamente liberado pelo metal puro, pode ser absorvido pela respiração e acumular-se no organismo, engolir uma gota de mercúrio é um acidente relativamente inócuo - o metal passa sem ser absorvido.
Destino do mercúrio
Hoje, há uma tendência em substituir os processos químicos que usam mercúrio por outros com menor risco ambiental. Essa mudança, porém, é lenta e tem um efeito colateral: estima-se que serão recuperadas grandes quantidades do metal (mais de 14.000 toneladas) apenas nos EUA e Europa.
Mas como guardar um líquido 13 vezes mais denso que a água, e que ainda por cima dissolve quase todos os metais? Uma idéia para o armazenamento de grandes quantidades de mercúrio é devolvê-lo ao local de origem em tonéis de ferro e aço, que resistem ao material. Reciclar lâmpadas queimadas e enviar as pilhas de volta ao fabricante também são uma práticas importantes.
Júlio C. de Carvalho é engenheiro químico e professor do curso de engenharia de bioprocessos e biotecnologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
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