O Brasil ensaia o próximo passo rumo ao seleto rol de países que produzem pastilhas de urânio em escala comercial. O governo abriu negociações com o banco francês Natixis, que está disposto a financiar parte expressiva do projeto. O custo total gira em torno de R$ 5 bilhões. A expectativa do governo é que o Natixis traga a reboque outros três bancos franceses: o Societé Generale, o BNP Paribas e o Calyon Credit Industriel et Commercial. Não custa lembrar que o quarteto já tem um pé no programa nuclear brasileiro: integra o pool de bancos internacionais que financia o desenvolvimento de submarinos da Marinha.
As tratativas têm sido conduzidas por uma tour de force, que reúne representantes de quatro ministérios - Casa Civil, Defesa, Minas e Energia e Ciência e Tecnologia. A julgar pelas negociações em curso, o francês é mesmo o segundo idioma do programa nuclear no Brasil. A presença dos bancos gauleses deve ser a senha para a entrada no projeto da conterrânea Areva, um dos maiores players de energia nuclear do mundo - ver RR edição nº 4.572. No entendimento do governo, o modelo de parceria público-privada (PPP) é o mais indicado para viabilizar a parceria com os franceses. Este formato permitiria atrair dois ou três grandes grupos nacionais para a empreitada.
A produção interna de pastilhas de urânio reduzirá significativamente o custo da geração de energia nuclear no país. A futura usina de Angra 3, por exemplo, está prevista para entrar em operação com 100% de matéria-prima importada. É um contrassenso, uma vez que o Brasil é dono de uma das cinco maiores reservas de urânio do mundo.
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