GENERALIDADES
Impacto ambiental é a
alteração no meio ambiente ou em algum de seus componentes por determinada
acção ou actividade humana. Estas alterações precisam ser quantificadas pois
apresentam variações relativas, podendo ser positivas ou negativas, grandes ou
pequenas.
O objectivo de se
estudar os impactos ambientais é, principalmente, o de avaliar as consequências
de algumas acções, para que possa haver a prevenção da qualidade de um
determinado ambiente que poderá sofrer a execução de certos projectos ou
acções, ou logo após a implementação dos mesmos.
Surge assim a necessidade
de fazer uma gestão da interacção Homem/espaço natural, ou seja, - o
ordenamento do território, que consiste no planeamento das ocupações, no
potenciar do aproveitamento das infra-estruturas existentes e no assegurar da
preservação de recursos limitados.
INTRODUÇÃO
Os desastres naturais constituem hoje um dos grandes problemas
socioeconómicos do mundo. Dentre os fenómenos que mais se destacam podemos
citar os terramotos, as inundações e os movimentos de massa. Esses fenómenos
são objecto de interesse de pesquisadores, planeadores e administradores
públicos, pois acabam afectando regiões onde estão localizadas cidades, vias de
infra-estruturas (oleodutos, gasodutos, aquedutos, estradas, linhas de
transmissão) e complexos industriais.
De acordo com a ONU (1993), um dos fenómenos naturais que mais causam
prejuízos financeiros no mundo são os movimentos de massa. Esses fenómenos são
importantes na evolução do relevo e têm sua ocorrência nas vertentes. Nas
cidades, eles assumem, em geral, proporções catastróficas, uma vez que causam
danos materiais e perdas de vidas humanas, como podemos ver na tabela 1 que
ilustra alguns movimentos de massa ocorridos nos últimos 30 anos.
Data
|
Localização
|
Tipo de Movimento
|
Mortes
|
1981
|
Indonésia (IrianOcidental)
|
Escorregamento de terra - desencadeado por terramoto
|
261
|
1981
|
Indonésia (Java)
|
Fluxo de Lama
|
252
|
1987
|
El Salvador (San Salvador)
|
Escorregamento de terra
|
1.000
|
1989
|
Tadjiquistão
|
Fluxo de lama - provocado por terramoto
|
274
|
1989
|
Indonésia (IrianOcidental)
|
Escorregamento de terra - desencadeado por terramoto
|
120
|
1994
|
Colômbia (Vale do Rio Paez)
|
Avalanche provocadaporterramoto
|
< 300
|
1999
|
Venezuela
|
Fluxo de lama
|
< 10.000
|
2003
|
EUA ( Sul da Califórnia)
|
Fluxo de lama
|
10
|
2005
|
EUA ( Sul da Califórnia)
|
Fluxo
de lama
|
10
|
2010
|
Brasil (Rio de Janeiro)
|
Escorregamento de terra
|
75
|
Tabela
1 – Exemplos de movimentos de massa, suas causas e número de mortos nos últimos
30 anos (Adaptado de Wicander 2009).
Com relação às actividades antrópica em áreas urbanas, a que mais
preocupa é a ocupação irregular das encostas, com a consequente desflorestação
e o corte de taludes, propiciando uma mais susceptibilidade à ocorrência dos
movimentos de massa.
Na compreensão dos processos controladores dos movimentos de massa e
no planeamento do uso da terra, torna-se necessário avaliar a estabilidade das
encostas. Dessa forma, o desenvolvimento de metodologias que utilizam técnicas
de censoriamente remoto e sistemas de informação geográfico (SIG) torna-se essencial,
por permitir optimizar a obtenção e espacialização das informações e gerar
modelos de previsão.
Os diferentes tipos de movimentos de massa dependem das condições
locais, como: estrutura geológica; tipo dos materiais; declive das encostas,
orientação e forma da vertente; área de contribuição; intensidade e
distribuição das precipitações. Diversas metodologias vêm sendo desenvolvidas
visando a previsão dos movimentos de massa, a qual pode subsidiar os
administradores públicos em actividades como: elaboração de planos de
evacuação, elaboração de mapas de susceptibilidade, planeamento urbano e
planeamento de traçado de rodovias, entre outros.
Em Angola, devido às condições climáticas, com intensas chuvas nas
estações quentes e a geomorfologia, com grandes maciços montanhosas, está muito
susceptível à ocorrência dos movimentos de massa, mais propriamente à formação
de ravinas. Além da frequência elevada desses movimentos, em condições
naturais, ocorre também um grande número de acidentes associados à actuação nas
vertentes.
Assim, é de todo o interesse abordarmos o problema da construção nas
vertentes da cidade do Sumbe. Aplicando os nossos conhecimentos no
desenvolvimento desta temática importante para todos, visto que o país se
encontra em fase de reconstrução. Devendo por isso evitar que se cometam os
mesmos erros do passado bem como aproveitar o desenvolvimento desta área
noutros países para beneficiarmos de uma melhor qualidade de vida.
Para a elaboração deste
trabalho foram feitas várias pesquisas bibliográficas, encontrando por isso
termos semelhantes, principalmente no que diz respeito a encostas; colinas;
vertentes e taludes. Sendo necessário por isso antes de mais definir estes
conceitos.
Encosta,
é o nome genérico que damos
a todas as superfícies inclinadas que delimitam as áreas elevadas do relevo.
Também são conhecidas como vertentes,
colinas e taludes, sendo este
último mais usado em Geotecnia e Engenharia Civil.
Alguns autores indicam que o termo encosta
é de uso mais geral e o termo talude é de uso mais restrito, mais localizado. Para outros
autores o termo talude só deve ser
empregado para designar vertentes produzidas pela acção humana. Assim sendo, no
nosso trabalho optamos por uniformizar o termo a vertentes para facilitar a
leitura e também por uma questão de conformidade.
OBJECTIVOS GERAIS
Analisar a questão da
construção de habitações nas colinas da cidade do Sumbe;
Suscitar interesse para
esta problemática, no sentido de futuramente serem criados projectos que
solucionem os problemas;
Objectivos específicos
Fazer o enquadramento
geográfico, geológico e geomorfológico da cidade do Sumbe;
Estudar os tipos e
formas de vertentes na região;
Caracterizar os
movimentos de massa;
Comparar a situação
habitacional no passado com a situação habitacional no presente na cidade do
Sumbe;
Conhecer as políticas
existentes no país e na região de estudo no que concerne ao ordenamento do
território;
Caracterizar os tipos
de construções nas colinas da cidade;
Avaliar as
consequências da construção nas vertentes;
Propor soluções, para o
não agravamento da situação, bem como minimizar os riscos dela resultante.
Capítulo 1.
CARACTERIZAÇÃO
DA CIDADE DO SUMBE
1. CARACTERIZAÇÃO DA CIDADE DO SUMBE
1.1.
Enquadramento geográfico
Fig.
1- Localização geográfica do Sumbe.
Adaptado de (http:www.unisdr.orgengcountry informreportsAngola-report.pdf).
O município do Sumbe é
naturalmente delimitado a Norte pelo curso inferior do rio Queve, a Sul curso
inferior do rio Balombo e a Oeste pelo Oceano Atlântico. A Este tem o limite
convencional com o município da Conda na aldeia da Cassonga. Até 1975
designou-se Novo Redondo.
Segundo a folha 184
(Novo Redondo) da carta de Angola, na escala 1/100000, que pertence ao
Kwanza-Sul, fica enquadrada pelos paralelos 11º 00´e 11º 30´sul, pelo meridiano
14º 00´leste e contacta a oeste, com o Oceano atlântico.
O município do Sumbe
segundo a classificação climática de Koppen engloba-se na faixa de clima
tropical quente e semi-árido que caracteriza a aplanação litoral do centro de
Angola. Em função da sua localização geográfica, as condições de aridez são
muito acentuadas chegando mesmo a ser considerada uma região com
características de clima árido se considerarmos outros parâmetros, devido à
forte evapo-transpiração potencial e real que se observa nesta região e à
influência, de certa forma, da corrente fria de Benguela.
De acordo a sua
eficiência térmica, os valores médios anuais da temperatura do ar variam entre
os 22ºC e 24ºC, sendo por isso considerado o predomínio de um clima
megatérmico. A estação das chuvas é de cerca de seis meses (Novembro à Abril),
variando as precipitações entre os 300mm e 400mm., sendo Março o mês mais
pluvioso, e Dezembro e Janeiro os meses de menor precipitação, verificando-se
normalmente neste último mês um período seco (pequeno cacimbo). A estação
chuvosa coincide com o período mais quente do ano, com um máximo em Março ou
Abril (temperatura média diária 26-27ºC); os meses mais frios são Julho e
Agosto (temperatura média diária 20-21ºC).
As oscilações médias
diárias da temperatura são sensivelmente uniformes ao longo do ano, sendo que a
sua amplitude térmica diurna apresenta valores iguais ou inferiores a 10 o que
lhe confere uma característica de clima oceânico.
Nos valores médios da
humidade relativa observa-se uma variação muito pronunciada sendo que o valor
mais alto se encontra entre 75 e 85% chegando a observar-se valores mínimos
entre 35 e 45%, sendo mínima a amplitude entre a média dos valores do período
chuvoso e os do período seco.
De uma forma geral
podemos dizer que na classificação racional de Thornthwaite o clima é semi-árido
(D) a árido (E), megatérmico, e na classificação de Köppen é do tipo BSh'
(clima seco, de estepe, muito quente).
1.2.
Enquadramento geológico
|
A região tem formações
geológicas do Antropozóico e Mesozóico.
Do Antropozóico temos
as formações do Holocénico – Aluviões e Sedimentos Argilosos (a) e areias das
praias actuais e sub-actuais (a̒). No Plistocénico encontramos terraços baixos
(Q2).
a - Aluviões e sedimentos argilosos.
São aluviões
argilo-arenosas, normalmente de pequena espessura.
a̒ – Areias das praias
actuais e sub-actuais.
As areias das praias,
que formam uma muito estreita faixa litoral, pouco contínua, são areias de
granulometria fina e média. Estas areias apresentam, de um modo geral, tons
claros e são sobretudo quartzosas, ainda que, frequentemente ricas em magnetite
e epídoto.
Q2 – Terraços
baixos.
Perto da costa junto
aos conjuntos que atribuímos ao Holocénico, contornando-os, foram delimitadas
duas pequenas manchas de areias argilosas de tons claros e avermelhados. Cerca
de 500m a NE do aeroporto de Novo Redondo, em pequenos testemunhos deste
conjunto existentes sobre as margas do Cretácico superior, foram encontrados
exemplares de Arca (Senilia) senilis, lin.
Tal facto mostra a
natureza marinha de parte ou da totalidade destes sedimentos. A espessura
máxima desta unidade anda à volta de 10 metros.
Do Mesozóico temos as
formações do Cenomaniano – Turoniano
superior e médio– (Ce-Tu) , a
formação Cenomaniano inferior – (Ce), e
a formação do Albiano – Apciano que é caracterizado pelo Conjunto
Calcário-margoso bastante fossilífero – Alb3; pelo conjunto
Dolomítico – gresoso – conglomerático – (Alb2a) ; o conjunto
essencialmente dolomítico – Alb2b e Fácies continental ou
lagunar - Alblg
Ce-Tu - Cenomaniano –
Turoniano
Paralelamente à costa e
com maior ou menor desenvolvimento para o interior, um conjunto monótono de
natureza essencialmente margosa.
Estima-se para o
conjunto uma espessura não muito superior a 100 metros. No entanto, devemos
referir que, por falta de dados seguros de micropaleontologia e atendendo à
frequência e atendendo à frequência com que se verificam, na zona a sul de
Sumbe, dobras de pequena amplitude, é discutível a correlação de níveis a
distância.
Ce – Cenomaniano
Inferior
Trata-se de um
conjunto, essencialmente, constituído por uma rocha calcário-margosa, que contem
uma certa fracção detrítica. Esta fracção detrítica, onde domina o quartzo
feldspato e alguma biotite, esta representada com maior percentagem nos sedimentos
que a NW doChingo ocupam o topo das escarpas. Mais para norte, a NE, este
conjunto passa a ter uma fácies mais margosa.
A rocha tem cor acinzentada
ou castanha clara e ocre e dá, com frequência um solo de alteração
esbranquiçado.
Estas características
encontram-se também nos calcários margosos do Albiano Superior com os quais tem
afinidade. Porém, além de haver uma importante diferença na fauna, as rochas da
unidade que designamos por (Ce), são normalmente mais micáceas e menos
compactas.
Esta unidade tem uma
espessura que não vai além de poucas dezenas de metros.
Alb3 –
Conjunto Calcário-Margoso bastante fossilífero
Todo o conjunto é,
dominantemente, constituído por calcários margosos e margas calcárias de cores
claras. A sua principal característica é serem fossilíferos; são sobretudo
ricos em equinídeos e amonites.
Alb2a –
Conjunto Dolomítico-Gresoso-Conglomerático
Esta unidade de
natureza dominantemente detrítica, tem nalgumas zonas, como a norte e nas
mediações do V. G. Chingo e a Sul do V. G. Furnas, bastante desenvolvimento e
individualmente, de modo a aconselhar a sua separação.
É difícil avaliar a
espessura desta formação dados os frequentes acidentes tectónicos e as mudanças
de fácies. O conjunto gresoso com intercalações dolomíticas tem espessura
máxima superior a 100 metros, não devendo andar até muito longe dos 200 metros.
Alb2b - Conjunto
essencialmente Dolomítico
Litologicamente a
unidade é constituída essencialmente por dolomitas. Nalguns casos sobretudo
para o topo há intercalações gresosas, mas sempre compacta e de abundante
matriz carbonatada. Existem também, esporadicamente, níveis calcários e
calcários dolomíticos. No terreno, as dolomitas apresentam-se, normalmente
diaclaseadas, tendo, com frequência, um aspecto cavernoso e dando um solo de
alteração avermelhado.
Alblg - Fácies
continental ou lagunar
Esta unidade é
caracterizada por sedimentos de carácter laguno-continental, tendo sobre eles
ou intercalados em alguns pontos pequenos retalhos de natureza marinha.
Encontramos assim nesta unidade de cerca de 30 a 40 metros de espessura, do
topo para a base grés calcário com NerineiaCappelloi, Choffat, grés avermelhado
com níveis esbranquiçados, leitos de areias e grés avermelhado, areias
vermelhas mais finas e areias conglomeráticas de cor avermelhada.
1.3.
Enquadramento geomorfológico
De uma forma geral a região em
estudo apresenta uma variação altimétrica, em relação ao nível médio das águas
do mar, numa amplitude de 0 – 289m, predominando a curva de nível de cota 200m.
O relevo em si apresenta um andamento longitudinal, isto é, no sentido do
meridiano, e curvilíneo o qual é recortado por numerosos vales de origem
pluvial. É possível aqui observar as várias linhas de água que recortam o
relevo em sentido transversal ao do relevo, o que demonstra a actividade
erosiva das águas pluviais assim como a resistência do material litológico
nessa região, como resultado da distribuição espacial dos aluviões e sedimentos
argilo-arenosos que datam sensivelmente do Antropozóico e Mesozóico.
Fig. 3 - Formas de
relevo na região do Sumbe (Adaptado de Israel 2009).
1.3.1. Formas de relevo
O Modelado
de Aplainamento é um relevo suave, com pouco ou nenhum entalhamento
fluvial e compreende os seguintes compartimentos menores:
1.
Topos Planos: Estão localizados na parte leste
da cidade do Sumbe, em cotas de 270m, são planos ou com declives de 2% a 30%.
Os limites com os rebordos erosivos são nítidos, com rupturas de pendência
entre os topos planos e os rebordos erosivos (declives de 10-25%). A formação
superficial é de naturezalaterítica.
2.
Topos Convexos: Aparecem de forma esporádica e
têm representação muito reduzida, a mais pronunciada se encontra em cotas de
cerca de 200m.
3.
Rebordos Erosivos: Trata-se de pequenos segmentos
de encostas, rectilíneos ou convexos, com extensão de 20 a 100 metros em
planta, e declives de 5% a 25%.
4.
Rampas: Ocorrem em altitudes de 140m
-160m em uma faixa com largura da ordem de 300 a 600m. Sua morfologia é mais
variada, podendo apresentar perfil rectilíneo, convexo ou convexo - côncavo. Os
declives geralmente estão compreendidas no intervalo entre 15% e 20% mas, em
alguns locais, podem atingir 40%. Os limites superiores, com os rebordos
erosivos, são nítidos e se fazem por uma ruptura de declive, uma vez que nos Rebordos
Erosivos os declives são de 5% a 15%.
O Modelado
de Dissecação é um relevo movimentado. Compreende as seguintes
subdivisões:
1.
Escarpa Erosiva, em altitudes de 1.100-1.120m,
com declives de 20 a> 30%; Vertentes Superiores (ou Vertentes a Montante),
em altitudes de 1.060-1.100m com declives de 20 a 30%;
2.
Incisões erosivas, são feições erosivas estreitas e
alongadas com profundidade variável, observa-se que elas ocorrem em todos os
compartimentos, inclusive nos topos planos. Observa-se também que, embora todos
os compartimentos sejam afectados o tamanho das erosões é maior nas baixas
vertentes, diminuindo nas rampas, rebordos erosivos e topos planos.
O Modelado
de Acumulação é representado por Planícies Fluviais, caracterizadas
pela presença dos Depósitos aluvionares e que se estendem até ao fundo do vale
do rio Cambongo em altitudes de 10m.
Capítulo 2.
RELEVO
DA ÁREA EM ESTUDO - VERTENTES
2. RELEVO DA ÁREA EM ESTUDO – VERTENTES
Muito utilizados na
caracterização do relevo de uma área são os modelos clásticos de descrição das
formas de relevos referentes a: interflúvios (destacando os topos), vertentes
(sectores ou segmentos), e vales, como mostra na (figura 4) e descritos a seguir.
Talvegue:
linha de maior profundidade no leito de um rio (fundo de um vale).
Interflúvio:
espaço entre dois talvegues.
Vale:
depressão alongada, de fundo descendente, formada por um talvegue e duas
vertentes. Os vales podem ser de origem fluvial, glacial e tectónica
(originados por falhas).
Vertentes:
também denominadas encostas, são superfícies inclinadas que formam a conexão dinâmica
entre a linha divisória de água e o fundo do vale (talvegue). As vertentes são
elementos básicos do relevo no estudo do processo de erosão e acumulação, pois,
com excepção das planícies e dos terraços, elas ocupam a maior parte da
superfície da terra.
Fig. 4 – Modelo de descrição das formas de relevo,
Fonte: adaptado de DentandYoung (1981).
2.1.
Vertentes
A topografia da
superfície da Terra é o resultado da interacção entre os processos internos do
planeta, os tipos de rochas expostas na superfície, os efeitos do Intemperismo
e dos agentes erosivos: água, gelo e vento. O tipo específico de paisagem
desenvolvido depende, em parte, do agente erosivo dominante.
No seu sentido amplo VERTENTE significa superfície
inclinada, não horizontal, sem apresentar qualquer conotação genética ou local.
Isto é, as vertentes ou encostas, correspondem às superfícies inclinadas,
não-horizontais, que constituem a conexão dinâmica entre a linha divisória de
águas e o fundo do vale. É por assim dizer uma forma tridimensional que foi
modelada pelos processos de desnudação, actuantes no presente ou no passado, e
representando uma conexão dinâmica entre o interflúvio e o fundo do vale. Os
elementos que levam a propor esta definição são:
A.
Limite Inferior da Vertentes: Somente possui um valor de orientação, pois o leito de
um rio não pode defini-lo senão em casos excepcionais. Como são os processos
morfogenéticos que determinam a natureza das vertentes, esta termina,
justamente onde os processos morfogenéticos que lhe são próprios deixam de
actuar, sendo substituídos por outros.
B.
Limite Superior da Vertente: É difícil precisar. Nem sempre pode identificá-lo com a
linha divisora das águas, mas o limite superior deve indicar a extensão mais
distante e mais alta da superfície de onde provém um transporte contínuo de
materiais para a base da vertente.
C.
Limite Interno da Vertente: É constituído pelo embasamento rochoso ou pela
superfície de ataque da meteorização.
2.1.1.
Importância do estudo das vertentes
Qual o objectivo de se
estudar as vertentes?
A que profissionais
interessam?
Para o Geomorfólogo, as vertentes são unidades
básicas do relevo e são fundamentais para explicar o desenvolvimento das
paisagens. Desta maneira descrevem e explicam a sua evolução, baseados no
sistema geoambiental sob observação. Porém, os estudos das vertentes têm uma
abrangência muito mais ampla do que a explicação do relevo, em particular para
a engenharia, defesa civil e agricultura.
A maioria dos projectos
da engenharia civil, principalmente a construção de rodovias, está intimamente
ligada às vertentes. Na sua construção, o gradiente dos taludes não deve
exceder padrões aceitáveis na estabilidade das encostas a fim de que não
ocorram deslizamentos ou escorregamentos, por tanto, nos cortes, deve ser
diminuído ao máximo o ângulo do talude e evitados aterros. Desta maneira o
aparecimento de ravinas é minimizado. Aliás os engenheiros civis são os
profissionais que mais têm contribuído para o conhecimento dos problemas das
vertentes. Muitos dos equipamentos de campo e laboratório usados na
classificação dos materiais e mecânica dos solos foram desenvolvidos pela
engenharia civil. Além disso foram os engenheiros os responsáveis para que
compreendêssemos os processos que actuam nas encostas, desenvolvendo as teorias
mecânicas que explicam o comportamento dos solos e das rochas das vertentes.
Todavia o principal interesse do engenheiro nas vertentes é na praticabilidade
do projecto e seu custo, através de uma análise detalhada das variáveis envolvidas
no mesmo. Entretanto é um erro, cometido frequentemente, analisar-se apenas o
custo da construção sem se prever a manutenção. Temos observado todos os anos
prejuízos enormes por interrupção do tráfego devido a quedas de barreiras de
aterros mal feitos ou inadequados. Embora mais caros, seria melhor construir um
viaduto, mas ser uma obra definitiva. Mecânica dos solos é uma disciplina
científica que estuda o comportamento dos solos e rochas quando submetidos a
stresse e é a base para analisar a estabilidade das vertentes, sendo importante
tanto para o Engenheiro civil quanto o Geomorfólogo. Se a encosta é estável,
não há tendência do solo ou rochas deslizarem. E simples analisar a
estabilidade das encostas, basta fazer o cálculo de que forças são mais actuantes,
as que tendem a causar os deslizamentos ou as que tendem a resistir a eles. O
principal factor a determinar a resistência aos deslizamentos é a coesão do
solo. Contudo para a engenharia civil o principal problema de estabilidade das
vertentes é saber se haverá estabilidade após um corte ou um aterro realizados
nelas. Muitas vertentes naturais estão sujeitas a deslizamentos ou
escorregamentos cujas formas são directamente controladas pelos processos nelas
actuantes. O Geomorfólogo que estuda a estabilidade das encostas deve usar
métodos de controlo de deslizamentos desenvolvidos pela engenharia civil.
Entretanto, para os engenheiros as encostas naturais não são objecto de estudo,
por isso deve haver trabalho de equipa com o Geomorfólogo que além de estudar
os movimentos de massa ainda estuda os processos geomórficos e taxas de erosão
que dão determinado formato à vertente.
2.1.2. Formas de vertentes
Unidades de vertente: segmento e elemento.
Segmento: porção do perfil da vertente no qual os ângulos permanecem
aproximadamente constantes, o que lhe dá o carácter rectilíneo.
Elemento: porção de vertente na qual a curvatura permanece
aproximadamente constante. Pode ser dividido em elemento convexo e côncavo.
Fig.
5- Foto do bairro da Asaca com una ilustração
da vertente rectilínea.
Convexidade: consiste no conjuto de todas as partes de um
perfil de vertente no qual não há diminuição dos ângulos em direção jusante.
Fig.
6 - Ilustração de uma vertente convexa.
Concavidade: consiste no conjunto de todas as partes de um
perfil de vertente no qual não há aumento dos ângulos em direção a jusante.
Fig.
7 - Ilustração de uma vertente côncava.
2.1.3. Geologia e
estabilidade das vertentes
A relação entre a
topografia e a geologia de uma área é importante para se determinar a
estabilidade de uma encosta. Comparativamente, a movimentação gravitacional de
massa ocorre, com maior probabilidade, nas encostas com camadas rochosas
subjacentes mergulhando na mesma direcção, que nas encostas com camadas
rochosas horizontais ou mergulhando em direcção oposta ao talude. Quando as
camadas rochosas mergulham na mesma direcção da encosta, a água pode
infiltrar-se ao longo dos planos de acamamento e diminuir a coesão e o atrito
entre camadas rochosas adjacentes (Figura 8). Isso é muito comum quando se tem
camadas argilosas, porque a argila se torna escorregadia quando molhada. As
argilas são formadas por lâminas alternadas de sílica (SiO2) e alumina (Al(OH)3)
e podem absorver consideráveis quantidades de água entre estas lâminas. Ao
atingir o limite de liquidez (passam a comportar-se como líquido) fluem pelas
encostas.
Mesmo se as camadas
rochosas estiverem horizontalizadas, ou mergulhando em direcção oposta aquela
da encosta, a junta pode mergulhar na mesma direcção da encosta. E assim, a
água migrando através das juntas desgasta a rocha e expande essas aberturas até
que o peso da rocha sobreposta cause a sua queda (Figura 9).
Fig.
8 - Geologia e estabilidade das vertentes, rochas que mergulham na mesma
direção da encosta da montanha são particularmente susceptiveis ao movimento
gravitacional de massa. Uma corrente fluvial remove o apoio na base da encosta,
tornando-a mais íngremes. A água percolando através do solo para dentro da
rocha subjacente aumenta seu peso. Se a água encontrar e hidratar camadas de
argilas tornara essa camada escorregadia. (Adaptado de Wicander 2009).
Fig. 9 - Juntas que mergulham na mesma
direção da encosta são delatadas pelo intemperismo químico isso pode
infraquecer as rochas e causar movimento gravitacional de massa. (Adaptado
de Wicander 2009).
|
2.1.4. Erosão
Este termo engloba a
remoção e o transporte de material intemperizado. Os tipos de processos erosivos
mais importantes são: erosão pluvial,
resultante da acção da água da chuva e destacada a seguir; erosão fluvial, gerada pela acção das águas
dos rios;e movimento de massa:
desprendimento de transporte de solo e/ou material rochoso vertente abaixo,
pela actuação da gravidade e da água, basicamente. O deslocamento do material
ocorre em diferentes escalas e velocidade, variando de lento (rastejamento) a
movimento muito rápido, deslizamento e tombamentos.
Parte da água da chuva
cai directamente no solo, outro é interceptada pela cobertura vegetal, podendo
retornar à atmosfera pela evaporação ao chegar ao solo. A parte da água do
ciclo hidrológico que chega ao solo directamente pelo impacto das gotas, ou
indirectamente, após ser interceptada pela vegetação, é a que vai participar da
erosão pluvial. O processo erosivo realizado pela acção da água pluvial,
ilustrada na figura 10, pode ser divido nos seguintes estágios.
Fig. 10 - Acção da água pluvial no processo erosivo.
(Adaptado de Florenzo 2008).
Salpicamento
(spash): ocorre partir do momento em que as gotas de chuvas
batem no solo e podem causar a remoção ou a ruptura dos agregados, selando o
topo do solo, e a consequente formação de crosta.
Formação
de poço (ponds): poços são formados na superfície nas
pequenas depressões à medida que o solo torna-se saturado com a infiltração da
água. É o estágio que antecede o escoamento superficial.
Escoamento
superficial (runoff): é o responsável pelo processo erosivo
de superfície. A água que se acumula nas depressões do terreno começa a escoar
pelas vertentes quando o solo está saturado, e as poças não conseguem mais
conter as águas. Inicialmente o fluxo é difuso, provocando a erosão laminar. O
fluxo linear é o estágio seguinte, quando começa uma concentração do fluxo de
água. O desenvolvimento de microrravinas é o terceiro estágio da evolução do
escoamento superficial. O quarto estágio é a formação de microrravinas com
cabeceiras. As ravinas tendem a
evoluir por meio de bifurcações em pontos de rupturas, e novas ravinas podem
evoluir para processo erosivo de maior proporção: as voçorocas. São consideradas ravinas quando têm menos de 50cm de
largura e profundidade, são denominadas voçorocas quando estão acima deste
valor.
As Cabeceiras de
drenagem e mananciais são áreas particularmente susceptíveis a erosão. As
voçorocas tendem a se estabelecer nessas áreas, onde ocorre a denominada erosão regressiva ou remontante (erosão em direcção a
montante), conforme afigura 11.
A erosão por ravinas e
voçorocas é causada por vários mecanismos que actuam em diferentes escalas
temporais e espaciais. Derivam de rotas de fluxos de água que podem ocorrer na
superfície ou na subsuperfície: escoamento
subsuperficial.
O escoamento
subsuperficial refere-se ao movimento lateral da água na subsuperficie, nas
camadas superiores do solo. Ele controla o intemperismo e afecta directamente a
erodibilidade dos solos, influenciando no transporte de minerais em solução.
Quando o escoamento ocorre em fluxos concentrados, em túneis ou ductos, ele
provoca o colapso da superfície situada acima, resultando na formação de
voçorocas.
Fig. 11 – Processo de erosão, esquema ilustrando a
evolução da erosão (erosão remontante). (Aptado de Florenzo)
2.1.5. Acumulação
Refere-se à deposição
do material removido e transportado pelos agentes da erosão. As principais
feições de relevo resultantes da acumulação da água pluvial são os tálus ou taludes e os cones de dejecção(figura 12). Os tálus
são formados de fragmentos de rochas removidos e depositados na base da
vertente, resultantes de movimentos de massa antigos, e serve de fonte para
novos movimentos de massa quando desestabilizados, principalmente por elevada
pluviosidade. O cone de dejecção é um depósito de material detrítico grosseiro
na base de vertente. Resultante de escoamento concentrado em canais temporários
ou por torrentes têm forma cónica, abrindo em leque para jusante, e o eixo é
coincidente com a linha de maior competência do fluxo.
Fig. 12 – Formas de acumulação de origem pluvial.A)
tálus; B) cones de dejecção. (Adaptado de Florenzo 2008).
Capítulo 3.
MOVIMENTO GRAVITACIONAL DE MASSA
3. MOVIMENTO GRAVITACIONAL DE MASSA
É definido como o movimento de descida, pela encosta abaixo, de
material, sob a influência directa da gravidade. A maioria dos tipos de
movimentação gravitacionalde massa é desencadeada pelo intemperismo e,
normalmente, envolve material de superfície. O material se move a velocidades
que variam de quase imperceptíveis no caso de um rastejamento, até extremamente
rápidas em uma queda de blocos ou escorregamento. Embora a água possa
desempenhar um papel importante, a implacável e ininterrupta atracção da
gravidade é principal força por trás da movimentação de massa.
A movimentação gravitacional de massa é um importante processo
geológico que pode ocorrer a qualquer momento e praticamente, em todos os
lugares do planeta. A maioria das pessoas associa a movimentação gravitacional
de massa com encostas escarpadas e instáveis. Mas ela também pode ocorrer em
terrenos de baixo declive sob certas condições geológicas e hidrogeológicas.
Ademais, embora os tipos rápidos da movimentação gravitacional de
massa, como as avalanches e os fluxos de lama, consigam mais publicidade,
geralmente, são os tipos mais lentos e imperceptíveis, como os rastejamentos,
que causam mais prejuízos às propriedades.
3.1.
Factores que afectam a movimentação gravitacional de massa
Quando a força gravitacional, que age sobre uma encosta, supera a
força de coesão do regolito ou da rocha (resistência à deformação) ocorre o
colapso da encosta. Os factores de coesão que ajudam a manter a estabilidade
incluem a declive e a coesão do material da encosta, o atrito entre os grãos e
qualquer sustentação externa da encosta (Figura 13). Esses factores,
colectivamente, definem a resistência ao cisalhamento da encosta.
Fig. 13 - Resistência ao
cisalhamento de uma encosta, depende da resistência da coesão do seu
material do nível de atrito interno entre os grãos e da sustentação
externa. Esses factores promovem a estabilidade da encosta. A força da
gravidade opera verticalmente, mais possui um componente que actua
paralelamente à encosta. Quando essa força que promove a instabilidade
excede a resistência ao cisalhamento da encosta, ocorre o seu
desmoronamento.
|
Em oposição à
resistência ao cisalhamento da encosta está a força da gravidade. A gravidade
opera verticalmente, mas possui um componente que age paralelamente à encosta
causando, portanto, sua instabilidade. Quanto maior o declive, maior é o
componente da força que age paralelamente á encosta e maior é a chance para
ocorrer movimentos gravitacionais de massa. O maior declive que uma encosta
pode suportar sem entrar em colapso é o ângulo de repouso. Nesse ângulo, a
resistência ao cisalhamento do material da encosta contrabalança exactamente a
força da gravidade. Para material não-consolidado, o ângulo de repouso vária, normalmente,
de 25 a 40 graus. Encostas mais íngremes que 40 graus são, normalmente,
constituídos de rochas que não sofreram intemperismo.
Todas as encostas estão
num estado de equilíbrio dinâmico. O que significa que elas estão,
constantemente, se ajustando às novas condições superficiais. Embora tenhamos a
tendência de ver o movimento gravitacional de massa como um acontecimento
demolidor e, normalmente, destrutivo, ele é uma das formas da encosta se
ajustar às novas condições. Sempre que um edifício ou uma rodovia é construída
numa encosta o seu equilíbrio é afectado. Assim, a encosta irá se ajustar a
esse novo conjunto de condições, quiçá pela movimentação gravitacional de
massa.
Muitos factores podem
causar a movimentação gravitacional de massa: mudança no declive da encosta, a
desagregação do material pelo intemperismo, saturação em água, mudança na
cobertura vegetal e sobrecarga. Embora a maioria desses factores esteja
inter-relacionada, para facilitar a discussão, nós os examinaremos
separadamente. Também mostraremos como eles afectam individualmente e
colectivamente o equilíbrio da encosta.
3.1.1. Declive da
encosta
O declive da encosta é,
provavelmente, a maior causa da movimentação gravitacional de massa. De modo geral,
quanto mais íngreme é a encosta, menos estável ela é. Portanto, as encostas
mais íngremes têm maiores probabilidades de experimentar a movimentação
gravitacional de massa que as encostas mais suaves.
Alguns processos podem
tornar a encosta mais íngreme. Por exemplo: em regiões litorais ou margens
fluviais, um dos processos mais comuns é a acção das correntes ou ondas (figura
14). Elas minam e removem a base da encosta, elevando o seu declive e
aumentando, portanto, a força gravitacional que age paralelamente a ela. Assim,
a ação das ondas, especialmente durante as tempestades, resulta, muitas vezes,
em movimentos de massa ao longo das margens dos oceanos e grandes lagos.
Fig.
14 - Região litoral com embate constante das ondas.
Escavações para a
construção de rodovias e edificações nas encostas das montanhas são outras
grandes causas de desmoronamento (figura 15). Aumenta abruptamente o declive da
encosta, ou escavar seus lados, aumenta a tensão na rocha e no solo, até que
elas não tenham mais força para sustentar esse declive mais elevado. E, assim,
ocorre o movimento de massa. Tal acção é análoga à escavação basal da encosta
pelas correntes e ondas, o que explica por que tantas rodovias em regiões
montanhosas são flageladas pelos movimentos gravitacional de massa.
Fig.
15- Escavações para rodovias perturbam o equilíbrio de uma encosta; ao remover
uma porção de seu apoio e torna-la excessivamente íngreme no ponto de escavação
essa acção pode resultar em frequentes escorregamentos de terra. (Adaptado de
Net movimentos de massa).
3.1.2. Intemperismo e
clima
A movimentação
gravitacional de massa ocorre, mais provavelmente, nas superfícies das
encostas, com material desagregado ou mal consolidado, que na rocha sólida
subjacente à superfície. Tão logo as rochas são expostas á superfície da Terra,
o intemperismo começa a desintegra-las e decompô-las reduzindo a sua
resistência ao cisalhamento e aumentando sua susceptibilidade à movimentação
gravitacional de massa. Quanto mais profundamente se estende a zona de
intemperismo maior é a probabilidade de algum tipo de movimento gravitacional
de massa.
Além disso, algumas
rochas são mais susceptíveis ao intemperismo que outras, e que o clima
desempenha um importante papel na velocidade e no tipo de intemperismo. Nos
trópicos, onde as temperaturas são altas e o volume de chuva é considerável, os
efeitos do intemperismo se estendem a várias dezenas de metros de profundidade.
Mas os movimentos de massa ocorrem, habitualmente, nas zonas mais profundamente
intemperizadas. Em regiões áridas e semi-áridas, a zona de intemperismo é
normalmente mais superficial. Mas aguaceiros intensos e localizados com grandes
volumes de água podem cair nessas áreas num curto espaço de tempo. Por terem
pouca vegetação, para absorver essa água, o escoamento e rápido e,
frequentemente, se transforma em fluxo de lama.
3.1.3. Conteúdo de água
A quantidade de água na
rocha ou no solo influencia a estabilidade das encostas. Grandes quantidades de
água originária de neve derretida, ou de pesadas tempestades, aumenta a probabilidade
de desmoronamento na encosta. O peso adicional que a água acrescenta à encosta
pode ser suficiente para causa o movimento de massa. Ademais, água
infiltrando-se através do material da encosta, ajuda a diminuir o atrito entre
os grãos, contribuindo para perda de coesão do material. Por exemplo, encostas
compostas de argilas seca são geralmente bem estáveis, mas quando molhadas,
elas rapidamente perdem a coesão e o atrito interno, e tornam-se uma pasta
instável. Isso ocorre porque a argila, que pode reter grandes quantidades de
água, é constituída de partículas planas que, quando molhadas, podem deslizar
facilmente umas sobre as outras. Por essa razão, os níveis argilosos são,
frequentemente, as camadas mais escorregadias ao longo das quais o material
sobreposto desliza encosta abaixo.
Também a rega excessiva na
agricultura provoca a saturação de água dos solos que facilita o seu
deslizamento.
Fig.
16 - Comportamento dos graus na presença de água.
3.1.4. Vegetação
A vegetação afecta a
estabilidade da encosta de várias maneiras. Absorvendo a água das tempestades,
a vegetação diminui a saturação de água do material da encosta que, de outra
maneira diminuiria a resistência ao cisalhamento. O sistema de raízes de
vegetação também ajuda a estabilizar uma encosta pela junção das partículas do
solo, segurando o solo no substrato rochoso. Isso promove a estruturação do
solo, ou pela actividade antrópica, é a maior causa de muitos movimentos de
massa. Os roçados e incêndio nas florestas deixam as encostas das montanhas,
frequentemente, sem vegetação. Tempestades saturam o solo, facilitando as
corridas de lama, que representam um enorme dano e grandes custos para
recuperação das áreas afectadas.
Neste contexto convém
referir o que é uma Vertente em biostasia: estado de equilíbrio biomorfológico,
expresso por uma cobertura vegetal desenvolvida, estável e de longa duração. A
meteorização das rochas é muito intensa mas a erosão mecânica é pouco
significativa. E também uma Vertente em rexistasiahá ruptura do equilíbrio
biomorfológico, resultante da destruição da vegetação. Sobre estas vertentes os
agentes de erosão tornam-se muito activos, levando quando chove à formação de
enxurradas lamacentas.
Fig.
17 - Estudo das vertentes, (vertente em biostasia e rexistasia).
3.1.5. Sobrecarga
A sobrecarga é, quase
sempre, o resultado da actividade antrópica e resulta, geralmente, do despejo,
aterro ou empilhamento de material desagregado. Sob condições naturais, a carga
do material é mantida por seus contactos grão a grão, com o atrito entre os
grãos sustentando a encosta. O peso adicional criado pela sobrecarga aumenta a
pressão da água interna ao material que, por sua vez, diminuirá a resistência
ao cisalhamento, enfraquecendo, desse modo, a encosta. Se a quantidade de
material acrescentado for suficiente, a encosta ira ruir, algumas vezes, com
consequências trágicas. A remoção deterrenos para a construção de estradas e habitações,
ou seja, a ocupação antrópica (Figura 18) expõe as vertentes aos factores
ambientais ou interrompe as linhas de água, aumentando risco de movimentos.
Fig.
18 - Actuação de vários factores que afectam a movimentação gravitacional de
massa. (Adaptado de site da net ocupação Antrópica).
Para além destes
factores, afectam ainda a movimentação gravitacional de massa a, ocorrência
de sismos e vibrações, fazendo com que as formações rochosas fiquem mais
instáveis sofrendo derrocada; tempestades nas zonas costeiras, provocando queda
de blocos, geralmente de grandes dimensões; variações de temperatura,
contracção e dilatação dos materiais rochosos.
Assim, em suma temos os vários factores bem ilustrados na seguinte imagem, sistema de vertente.
Fig.19
- Sistema de vertente, onde se podem observar todos os factores intervenientes
para a formação e desenvolvimento duma vertente. Esses factores são exógenos e
endógenos.
3.2.
Classificação dos movimentos gravitacionais de massa e suas
características
Os geólogos reconhecem uma variedade de movimentos gravitacionais de
massa (tabela 2). Alguns tipos são bem definidos, enquanto outros são uma
combinação de diferentes tipos. Não é incomum, ao longo de seu curso, um tipo
de movimento
de massa transformar-se noutro. Ainda que muitos colapsos de encosta sejam
combinações de materiais e movimentos diversos, é conveniente que os
classifiquemos de acordo com seu comportamento dominante.
Os movimentos
gravitacionais de massa são geralmente classificados com base em três critérios
principais: (1) Velocidade do movimento (rápido ou lento); (2) tipo de
movimento (principalmente queda, escorregamento ou fluxo); e (3) tipo de
material envolvido (rocha, solo ou detritos).
·
Movimentos
gravitacionais de massa rápidos: envolvem um deslocamento visível de material.
Geralmente, esses movimentos são repentinos e o material se move rapidamente
encosta abaixo. Movimentos de massa rápidos são potencialmente perigosos e
frequentemente resultam em perda de vidas e danos civis. A maioria dos
movimentos gravitacionais de massa rápidos ocorre em encostas relativamente
íngremes e podem envolver rocha, solo ou detritos.
·
Movimentos
gravitacionais de massa lentos: avançam com uma velocidade imperceptível e,
geralmente, são detectáveis somente pelos efeitos de seu movimento, tais como
árvores e postes de electricidade vergados e fundações civis rachadas. Embora
os movimentos gravitacionais de massa rápidos sejam mais dramáticos, os
movimentos gravitacionais de massa lentos são responsáveis pelo transporte,
encosta abaixo, de um volume muito maior de material desagregado.
3.2.1. Quedas de blocos
As quedas de blocos
podem ser divididas em quedas de rochas ou de solo.
Fig.
20 – Esquema demonstrativo do processo de quedas de blocos (Adaptado de
Movimentos de massa).
São frequentes nas quedas a formação de cones de detritos e os taludes de
detritos. São também conhecidos por “eboulis”
– termo francês.
Fig.
21 - Cones de detritos e taludes de detritos (Adaptado de Antunes, 1990).
3.2.2. Escorregamentos
Os escorregamentos
caracterizam-se como processos que ocorrem de forma rápida, com um plano de
ruptura definido, o qual separa o material escorregado do não movimentado. Eles
podem ser divididos em dois tipos: as rotacionais e os translacionais.
Os
escorregamentos rotacionais: são caracterizados por
possuírem uma superfície de ruptura curva, côncava, que desloca normalmente uma
grande quantidade de material de forma rotacional (Guidicini; Nieble, 1984;IPT,
1991). Esse tipo de escorregamento está muito vinculado a regiões com formações
de pacotes de solo bem desenvolvidos. Seu início, muitas vezes, vincula-se ao
desgaste natural da base da encosta, devido ao sistema fluvial ou, então, ao
desenvolvimento de condições artificiais, como, por exemplo, o corte da encosta
para a construção de estradas.
Fig. 22 – Escorregamento rotacional com seus
constituintes de formação.
Os
escorregamentos translacionais: são caracterizados por
apresentarem um plano de ruptura abrupto, bem definido, planar, e por serem um
movimento de curta duração (Guidicini;Nieble;1984;IPT, 1991). Esses movimentos
ocorrem movimentos ocorrem durante chuvas intensas, quando e elevada a poro-pressão
em uma superfície de descontinuidade. A poro-pressão positiva da água no plano
de ruptura altera a estabilidade da encosta, reduzindo a tensão cisalhante do
solo e a tensão normal. A ruptura ou a instabilidade da encosta vão depender do
equilíbrio entre as forças estabilizadoras e desestabilizadoras.
Fig. 23 -Escorregamentos de rochas – descontinuidades de fraqueza
estrutural (estratificação, diáclases, etc).
3.2.3. Corridas
Corridas são formas
rápidas de escoamento de carácter essencialmente hidrodinâmico, ocasionadas
pela perda de atrito interno das partículas de solo, em virtude da destruição
de sua estrutura interna, na presença de excesso de água. Estes movimentos são
gerados a partir de grande aporte de materiais como solo, rocha e árvores que,
ao atingirem as drenagens, formam uma massa de elevada densidade e viscosidade.
A massa deslocada pode atingir grandes distâncias com extrema rapidez, mesmo em
áreas pouco inclinadas, com consequências destrutivas muito maiores que os
escorregamentos.
Fig. 24 – Esquema de corrida detrítica.
3.2.4. Rastejamento
Rastejos são movimentos
lentos e contínuos de material de encostas com limites indefinidos. Envolvem,
muitas vezes, grandes volumes de solos, sem que apresente uma diferenciação
visível entre o material em movimento e o estacionário.
A causa da movimentação
nos rastejos é a acção da gravidade, associada também aos efeitos das variações
de temperatura e humidade. O processo de expansão e contracção da massa de
material, devido à variação térmica, provoca o movimento, vertente abaixo.
Fig. 25 – Rastejo com os seus constituintes de
formação.
Dada a variedade de movimentos de massa, houve a necessidade de os
classificar.
Tabela
2 – Principais tipos de movimentos de massa em vertentes (Augusto Filho, 1992).
Processos
|
Dinâmica/Geometria/Material
|
Quedas
|
• sem planos de deslocamento
• movimentos tipo queda livre
ou em plano inclinado
• velocidades muito altas
(vários m/s)
• material rochoso
• pequenos a médios volumes
• geometria variável: lascas,
placas, blocos, etc.
Rolamento de matacão
Tombamento
|
Escorregamentos
|
• poucos planos de deslocamento
(externos)
• velocidades médias (m/h) a
altas (m/s)
• pequenos a grandes volumes de
material
• geometria e materiais
variáveis:
Planares – solos pouco
espessos, solos e rochas com um plano de fraqueza;
Circulares – solos espessos
homogêneos e rochas muito fraturadas
Em cunha – solos e rochas com
dois planos de fraqueza
|
Corridas
|
• muitas superfícies de
deslocamento
• movimento semelhante ao de um
líquido viscoso
• desenvolvimento ao longo das
drenagens
• velocidades médias a altas
• mobilização de solo, rocha,
detritos e água
• grandes volumes de material
• extenso raio de
alcance, mesmo em áreas planas
|
Rastejos
|
• vários planos de deslocamento
(internos)
• velocidades muito baixas
(cm/ano) a baixas e decrescentes com a profundidade
• movimentos constantes,
sazonais ou intermitentes
• solo, depósitos, rocha
alterada/fraturada
• geometria indefinida
|
Capítulo
4.
ORDENAMENTO DO
TERRITÓRIO
4. ORDENAMENTO
DO TERRITÓRIO
O ordenamento do território em geral é a gestão da interacção Homem/espaço natural. Consiste no
planeamento das ocupações, no potenciar do aproveitamento das infra-estruturas
existentes e no assegurar da preservação de recursos limitados.
Podemos definir um
marco fundamental e histórico no processo de ordenamento do território e do
planeamento urbano, em Angola. Esse marco é definido a partir da ratificação,
pela Assembleia Nacional, da Lei 3/04 do Ordenamento do Território e do
Urbanismo. Através deste instrumento legal, o Estado instituiu um regime
próprio integrado e definiu, claramente, quais são os instrumentos que devem
existir para a actividade de gestão territorial e do crescimento das cidades. A
lei, para além da definição da tipologia dos instrumentos que oficialmente
devem reger a gestão territorial, determina três escalas básicas: a escala
nacional, a escala provincial, a escala municipal, incluindo projectos de desenvolvimento
rural. Antes desta lei, não tínhamos estas definições. A partir desta lei,
estamos a conhecer também quem são as entidades com competências para tomar
iniciativas de promoção de elaboração desses instrumentos, que são
instrumentos de apoio à decisão.
instrumentos de apoio à decisão.
Assim os diferentes
planos, para serem eficazes, têm que ser enquadráveis a diversas escalas de
análise, dependendo a efectividade de todos eles da coerência dos restantes. Um
plano nacional de ordenamento do
território tem de se basear na lógica dos planos das diferentes regiões; estes, por sua vez, têm por base planos municipais que definem o uso dos
solos e estabelecem princípios para a gestão das cidades
e das aldeias do local.
O planeamento tem que
ser pensado compreendendo a estrutura das ocupações humanas, a sua diversidade,
as suas inter-relações e interacções e a complexidade das razões que justificam
cada uma delas, pois, são diversos os tipos de ocupação do homem no território.
É necessário
compreender que uma vila não é uma cidade em ponto pequeno,
assim como uma aldeia não é somente um pequeno aglomerado, mas sim um
povoamento do espaço com um tipo de vivência próprio que o caracteriza e
justifica. As diferenças entre a urbanidade e a ruralidade
advêm de culturas diversas, de razões completamente dissemelhantes de ocupar e
usar o território, de onde resultam formas de vida singulares.
A aldeia
As aldeias
definem-se a uma escala diferente. Menores em dimensão e em concentração,
regulam-se por uma maior proximidade da natureza da qual dependem. A
agricultura é, geralmente, a base económica que fundamenta a forma do
aglomerado, não se articulando no meio rural as forças complexas que determinam
a estrutura urbana. A habitação dispersa-se, sendo naturalmente constituída por
casas isoladas, unifamiliares, com terreno sobrante, e por pátios e quintais
que são utilizados como complemento à actividade agrícola de maior escala.
A cidade
A estrutura de uma cidade
justifica-se pelas actividades que nela ocorrem, pela sua forma, pela maneira
como se organizam e se estabelecem. Nela gerem-se funções com características
próprias: habitação, numa larga escala, inter-relacionada com o comércio e com
os serviços; indústrias articuladas com a cidade.
A malha urbana é o
reflexo dessa forma de organizar o espaço: grandes vias de circulação, que ligam os
lugares e que relacionam as diferentes funções, articuladas com locais de
estar, praças e pracetas que sustentam uma vivência de lazer; bairros,
prédios e quarteirões que organizam a
lógica da habitação na estrutura; elementos que definem um desenho
característico de que resulta, consequentemente, uma forma de ocupar o
território e de organizar os usos do solo.
O planeamento urbano e
o urbanismo regem-se por princípios
resultantes dessa sistematização; a própria arquitectura baseia as suas formas
e a gestão das funções dos edifícios em desenhos claramente urbanos. Contudo,
não existe uma sistematização do planeamento rural ou do ruralismo; apenas
alguns tratados (Tratado
de Granada), algumas verificações mais ou menos empíricas,
alguns estudos das características das formas construídas de determinada
aldeia.
O caso de Angola, o
conflito armado que se prolongou por mais de 30 anos não só causou prejuízos
humanos e materiais, mas afectou gravemente o estado socio-económico do país, o
que levou o Governo a ter como principal prioridade a garantia da segurança das
populações e das infra-estruturas, tendo os desastres naturais e tecnológicos
recebido menor atenção, embora e sempre que necessário se tivesse realizado
algumas actividades pontuais de protecção as populações nesta matéria.
Não podemos deixar de reflectir
sobre a temática do planeamento e ordenamento do território de Angola,
sobretudo porque não podemos aceitar que as cidades africanas terão de ser
obrigatoriamente caóticas, sujas e desordenadas. Este é um dos casos que
devemos ter a responsabilidade e o dever de mudar, nem que seja, por uma questão
de orgulho angolano, ou seja, se no tempo colonial as cidades angolanas eram
comparáveis às melhores cidades do mundo, qual a razão para não voltar a sê-lo!
No nosso país pouco se
fala de ordenamento territorial, principalmente nas pequenas cidades. Hoje,
explicitamente, não há uma política de ordenamento do território. Já está
concluída a elaboração dos termos de referência para a contratação, por
concurso público, de serviços de consultoria para estudos apropriados.
O Ministério do
Urbanismo e Ambiente priorizou a elaboração de estudos de planos de ordenamento
territorial provincial. Até agora, estão emfase de conclusão o estudo para o
diagnóstico da situação actual do ordenamento do território nas províncias do
Bié, Malanje, Kwanza-Norte e Kwanza-Sul e do Uíje, estando o diagnóstico da província
do Bengo associado ao da província de Luanda. O que há são linhas orientadoras,
porque, durante o período conturbado que o país viveu, também pouca coisa podia
ter sido definida de forma coerente. O que podemos referir é que, por orientação
expressa de Sua Excelência Senhor Presidente da República e sob coordenação do
Ministério do Planeamento, está em curso, há cerca de quatro anos, um estudo
aprofundado de projecção do desenvolvimento de Angola a longo prazo. A meta de
referência, que até agora está sendo considerada, é uma Angola numa visão
estratégica daqui a 2020 /2025.
Referindo-se ao Sumbe,
as autoridades municipais, estão preocupadas com a progressão de construções
anárquicas nos arredores daquela cidade, criando embaraços no ordenamento e
gestão territorial.
Fig.
26 - Progressão de construções anárquicas nos arredores da cidade do Sumbe.
Numa entrevista ao
jornal de Angola, uma fonte da administração informou que a situação começa a
assumir contornos alarmantes, na medida em que técnicos e quadros da
administração municipal do Sumbe e do Instituto do Ordenamento do Território e
Urbanismo têm sido coniventes na cedência ou venda de terrenos e ainda de
croquis de localização.
Associada a essa prática, está também a ignorância de muitos cidadãos que adquirem espaço a pessoas singulares, sem observarem as modalidades de legalização e muito menos as consequências.
Associada a essa prática, está também a ignorância de muitos cidadãos que adquirem espaço a pessoas singulares, sem observarem as modalidades de legalização e muito menos as consequências.
Muitas pessoas se fazem
passar por fiscais e enganam as autoridades tradicionais para entrarem no negócio
de venda de terrenos.
A reportagem do Jornal
de Angola constatou no terreno que muitas pessoas foram antes advertidas pelas
autoridades a não construir em espaço proibido, mas alguns fizeram ouvidos de
mercador, desafiando as autoridades.
O chefe dos serviços
provinciais do Instituto de Ordenamento do Território e Urbanismo no
Kwanza-Sul, Leandro João Sanito, defendeu a criação de planos urbanísticos nos
locais afectados pelas construções anárquicas, para criar equilíbrios entre os
governantes e cidadãos.
Fig.
27 – Construção anarquica nas vertentes do Sumbe.
De acordo com o
responsável do INOTU as demolições deixam um impacto muito negativo nas mentes
das pessoas afectadas e do resto da sociedade. “Precisamos de criar um plano urbanístico
de forma a atenuarmos o impacto e a onda de revolta dos cidadãos. A execução de
planos urbanísticos vai implicar a demolição de algumas casas que não se
conformem com as modalidades técnicas, mas já não é tão fácil quando se trata
de demolir um bairro”, disse o responsável.
Segundo o administrador
municipal do Sumbe, Sebastião Daniel Neto, as construções anárquicas nos
espaços sob sua jurisdição constituem um açambarcamento desenfreado que conta
com o envolvimento de técnicos, quer sejam da administração municipal quer do
Instituto do Ordenamento do Território e Urbanismo.
Por vários motivos o
ordenamento territorial é afectado, mas cada cidadão é o responsável e ele
mesmo pode evitar, contribuindo com a aquisição de terreno. As autoridades
competentes são as mais culpadas, pois, são elas responsáveis por todo terreno
e a boa gerência da mesma parte delas.
4.1.
A cidade no
passado e no presente
Sumbe no passado
Fig.
28 –Zona 1 – podem-se observar no fundo as vertentes totalmente despovoada.
Fig.
29– Vertentes totalmente despovoada, Marginal do Sumbe.
Sumbe nos anos 90
Fig.
30 – O crescimento demográfico da região e o aumento de construção anárquica
nas vertentes (vista aérea da cidade do Sumbe).
Sumbe no presente
Fig.
31 – Construção anárquica hoje é um factor preocupante no Sumbe (bairro Américo
Boa Vida).
4.2.
Ocupação das
vertentes e o porquê dessas construções
A que se deve a
ocupação nestas zonas de risco? Visto que o nosso território é vasto e ainda
não está urbanizado na sua totalidade ou nem na sua metade, o que leva muitas
pessoas, a por em risco as suas vidas construindo em zonas de perigo?
A ocupação destas zonas
é devido a vários factores, um dos factores com maior relevância no nosso país
foi a guerra civil. O território nacional sofreu com a guerra civil nos anos
anteriores, e com foco maior nas províncias do interior, sendo assim a guerra
foi um dos factores que contribuiu para a ocupação daquelas zonas. Com a guerra
a população migrou para zonas mais seguras e como a cidade já estava ocupada ou
urbanizada e sem terreno livre para construção, estas populações começaram a
construir ao redor dela (nas colinas) (figura 33). Com o decorrer do tempo
essas habitações foram aumentando e sem ordenamento resultou no que vimos hoje.
Por isso a guerra é o factor primordial para a ocupação dessas zonas de
vertentes, outro factor é a falta de capital.
Fig.
33 – A) Cidade do Sumbe nos anos 60 sem ocupação nas vertentes. B) Cidade do
Sumbe hoje com a ocupação das vertentes.
A população que habita
estas vertentes é de baixas renda, elas não têm condições para adquirir um
terreno ou uma casa devidamente projectada e com todos os requisitos de
ordenamento, urbanismo, etc. Isso faz com que procurem zonas sem muito controle
fiscal e construam suas moradias. Então por isso as zonas periféricas são o
caminho para este problema.
A falta de planeamento
e ordenamento territorial é um dos factores que tem facilitado muito também a
construção anárquica hoje e até mesmo no passado, pois com um controle
urbanístico um pouco mais rigoroso evitaria de um modo geral a anarquia.
Já anteriormente
referimos o factor guerra, que aconteceu há alguns anos atrás, com este
problema só aumentou a falta de controlo e a má organização do país em termo de
ordenamento territorial e urbanístico. O que resultou na ocupação ilegal e
anárquica de zonas onde de antemão estavam proibidos para construção.
Um bom planeamento
urbano no passado resultaria em organização ou redução de anarquia hoje.
Hoje pode se tomar medidas para eliminar ou
minimizar os efeitos das construções nas vertentes avaliando os riscos de
possíveis movimentações gravitacionais de massa antes de começar uma construção
ou mesmo nos terrenos já construídos, isolando ou construir barreiras de
suporte.
A limitação dos
terrenos também é um factor bastante importante, pois, com a limitação de cada
espaço de construção teríamos uma melhor organização de cada rua e bairro.
Analisando cada factor
de maneira cautelosa encontra-se varias soluções para este problema. Para uma
boa organização habitacional deve-se ter em conta muitos requisitos, mais estes
com certeza fazem muita falta quando não usadas.
Fig.
34 – Ocupação da população em zonas de risco (linha de água).
4.3.
Tipos de
construções
As habitações da cidade
do Sumbe especificamente nas vertentes são pobres no que concerne a arquitectura
moderna. As casas feitas nas vertentes na sua maioria são de material instável
ou de pouca duração e segurança (adobe).
Nas vertentes
encontra-se uma população de baixa renda que utiliza poucos recursos para
construir as suas casas.
Os tipos de habitações
são: casa de paú-a-pic, casa de adobe, casa de bloco de cimento ou de tijolo e
algumas casas de dois pisos ou primeiro andar.
A casa de adobe, a mais
predominante na região é feita de barro que existe nas vertentes, pau ou bambu
e capim. Este tipo de casa é resultante da predominância que argila no terreno.
Fig.
35 a)– Construção de bloco, casa de dois pisos (Bairro Américo Boa Vida –
Sumbe).
Fig. 35 b) – Construção de adobe (Bairro Américo Boa Vida – Sumbe).
|
Fig. 35 c) – Casa de pau a pic (Bairro Américo Boa Vida – Sumbe).
|
4.4.
Consequências dessas
construções
Sendo assim podemos
citar algumas consequências das construções nas vertentes:
• Mal aspecto para o
local ou zona (cidade);
• Construções anárquicas,
sem urbanismo e ordenamento;
• Perigo de
deslizamento ou desprendimento de terra;
• Falta de higiene no
local e de programas de limpeza;
• Problemas de
distribuição eléctrica e água potável para todos habitantes;
• Enchente de lama a
cotas mais baixas, ou seja, na cidade;
• Dificuldades de
acesso nestas zonas;
• Atendimento médico
prejudicado por falta de caminhos para evacuação de pacientes, entrada de
medicamentos e apoio em outras áreas;
• Facilidade de
acumulação de resíduos sólidos (lixo) e aumento de doenças na comunidade.
• Perda de vidas
humanas e bens matérias por consequências de desmoronamento e deslizamentos de
terra.
Fig.
36 – Construção anárquica e acumulação de lixo (Bairro Assaca – Sumbe).
Fig.
37 – Mau aspecto a cidade, perigo de deslizamento e dificuldades de acesso (
Bairro Assaca – Sumbe).
4.5.
Soluções para
minimizar a situação
A ocupação antrópica nas zonas de
vertente implica que se conheça a composição e as estruturas geológicas da área
ocupada e ter parâmetros de previsão segura do comportamento dos materiais
geológicos envolvidos. É necessário planear essa ocupação de forma a diminuir
os riscos de acidente geológico.
Em qualquer estudo de
avaliação de riscos é importante identificar áreas de alto potencial de queda
de encosta. Esses estudos devem incluir a identificação de escorregamentos
anteriores, assim como sítios com potencial para futuros movimentos
gravitacionais de massa. As escarpas, as fissuras abertas, os objectos
deslocados ou torcidos, as superfícies planas com pequena elevação de terreno e
súbitas mudanças na vegetação são algumas das características que indicam
deslizamentos de terra anteriores ou uma área susceptível de roturas da
encosta. Os efeitos do intemperismo, erosão e vegetação podem, no entanto,
obscurecer evidências anteriores de movimentação gravitacional de massa.
Amostras de solo e de
substrato rochoso são também estudadas, tanto no campo quanto no laboratório,
para avaliar características gerais, tais como: composição, susceptibilidade ao
intemperismo, coesão e capacidade de transmitir fluido. Esses estudos ajudam os
geólogos e engenheiros a prognosticar, sob variadas condições, a estabilidade
de uma encosta.
Embora os grandes
movimentos de massa não possam ser, normalmente, impedidos, geólogos e os
engenheiros podem empregar vários métodos para minimizar o perigo e os danos
resultantes. Como a água desempenha um papel muito importante nos vários
escorregamentos, um dos meios mais eficientes e económicos para reduzir o
potencial colapso das encostas, ou aumentar a estabilidade, é a drenagem da
superfície e da subsuperfície da encosta. A drenagem serve a dois propósitos:
ela reduz o peso do material, que provavelmente deslizaria, e diminui a poro-pressão,
aumentando a resistência ao cisalhamento da encosta.
Nas encostas, as águas superficiais
podem ser drenadas e desviadas para fossas, valetas ou galerias projectadas.
Drenos de escoamento posicionados ao longo da superfície e adentrando ao
interior do maciço podem remover, variavelmente, a água da subsuperfície.
Fig.38
– Exemplo que mostra como a água acumulada no solo provoca o movimento das
partículas deste, que empurram o muro de suporte se não existir sistema de
drenagem.
Finalmente a
reflorestação, reflorestar as encostas ajuda a estabilizá-las, porque as raízes
agregam o solo e reduzem a água contida nele.
Outra maneira de ajudar
a estabilizar uma encosta é reduzir sua declividade. Lembre-se de que o sobre peso
e o aumento da declividade por taludamento são causas comuns de rompimento das
encostas. Dois métodos são, geralmente, empregados para reduzir a declividade
de uma encosta. No método do corte e
enchimento (CUT-AND-FILL) o material é removido da parte superior da
encosta e usado para preencher a base, fornecendo, assim, uma superfície plana
para a construção e redução da declividade. O segundo método, que é chamado de bancada, envolve a construção de uma
série de bancos ou degraus na encosta. Esse processo reduz a declividade da
encosta e os bancos servem sítios de colecta para pequenos escorregamentos de
terra ou quedas de blocos eventuais. A bancada é mais comummente usada em
encosta escarpada em associação com um sistema de drenagem de superfície para
desviar o escoamento pluvial.
Fig. 39 – a) Risco de deslizamento, camadas com inclinação favorável
a ocorrência de um deslizamento. b) Ausência de risco de deslizamento,
camadas instáveis removidas.
|
Em algumas situações,
muros de contenção podem ser construídos para sustentar a base da encosta.
Esses muros precisam ser bem fixados no substrato rochoso e o espaço entre a
encosta e o muro deve ser preenchido com brita. O muro deve ser provido de
drenos para impedir o acumulo de água no sopé da encosta.
Fig.
40–Solução para conter o deslizamento.
Tirantes, semelhantes
aqueles empregados na escavação de túneis e minas, podem ser usados para fixar
blocos instáveis no substrato rochoso estável adjacente. Essa técnica tem sido
usada com sucesso nas encostas do Rio de Janeiro (Brasil) e para fixar as
encostas na barragem de Glen Canyon, no Rio Colorado.
Sendo assim podemos
salientar algumas soluções e sugestões para este problema:
·
Sensibilização da população
para evitar novas construções em zonas perigosas;
·
Medidas para punir
infractores que constroem, nestas zonas de risco;
·
Plantação de
cobertura vegetal no terreno (evitar desprendimento do solo);
·
Criar modelos para
solucionar as habitações já existentes como criação de bancada;
·
Evitar construções
nas linhas de água e zonas de extrema inclinação;
·
Criação de plano de
drenagem (vales, esgoto, canais, etc);
·
Evacuação do
pessoal para outras zonas urbanizadas, seguras, se haver condições;
·
Criação de folhetos
informativos para a sensibilização;
·
Realizar toda uma
investigação geológica da região em questão, dessa forma, pode-se identificar
deslizamentos de terra anteriores e as áreas susceptíveis de movimentos de
massa e, talvez, evitá-los.
4.6.
Programa do
Governo para melhorar a situação
As autoridades municipais do Sumbe,
no Kwanza-Sul, estão preocupadas com a progressão de construções anárquicas nos
arredores daquela cidade, criando embaraços no ordenamento e gestão
territorial.
Para o efeito, uma comissão multissectorial,
chefiada pelo administrador municipal do Sumbe, Sebastião Daniel Neto, e
integrada por quadros e técnicos da Polícia de Investigação Criminal, da
Fiscalização, da Procuradoria, do Instituto do Ordenamento do Território e
Urbanismo (IOTU) e da Associação das Autoridades Tradicionais foi ontem ao
terreno para constatar a realidade.
Geraldo Kipungo é um dos cidadãos
que adquiriu terreno sem seguir os pressupostos legais. Interpelado pela equipa
do Jornal de Angola, disse que o terreno lhe foi cedido por alguém. Não possui
documento que lhe permita construir.
A cidadã Celeste Inglês afirmou que
lhe foi cedido o terreno em 2007 e nunca foi advertida sobre a não utilização
do espaço.
A reportagem do Jornal de Angola constatou
no terreno que muitas pessoas fazem passar por fiscais e enganam as autoridades
tradicionais para entrarem no negócio de venda de terrenos e outras ainda foram
antes advertidas pelas autoridades a não construir em espaço proibido, mas
alguns fizeram ouvidos de mercador, desafiando as autoridades.
O chefe dos serviços provinciais do Instituto de Ordenamento do Território e Urbanismo no Kwanza-Sul, Leandro João Sanito, defendeu a criação de planos urbanísticos nos locais afectados pelas construções anárquicas, para criar equilíbrios entre os governantes e cidadãos.
O chefe dos serviços provinciais do Instituto de Ordenamento do Território e Urbanismo no Kwanza-Sul, Leandro João Sanito, defendeu a criação de planos urbanísticos nos locais afectados pelas construções anárquicas, para criar equilíbrios entre os governantes e cidadãos.
O responsável do INOTU afirmou que
as demolições deixam um impacto muito negativo nas mentes das pessoas afectadas
e do resto da sociedade. “Precisamos de criar um plano urbanístico de forma a
atenuarmos o impacto e a onda de revolta dos cidadãos. A execução de planos
urbanísticos vai implicar a demolição de algumas casas que não se conformem com
as modalidades técnicas, mas já não é tão fácil quando se trata de demolir um
bairro”, disse o responsável.
O administrador municipal do Sumbe,
Sebastião Daniel Neto, disse que as construções anárquicas nos espaços sob sua
jurisdição constituem um açambarcamento desenfreado que conta com o
envolvimento de técnicos, quer sejam da administração municipal quer do
Instituto do Ordenamento do Território e Urbanismo.
Descontente com a situação, o
governante anunciou medidas duras para se repor a legalidade. “Já identificámos
os indivíduos implicados no processo de venda anárquica de espaços e caso não
se reponha a verdade, os compradores que encobrirem as pessoas que se fizeram
passar por autoridade vão perder o seu dinheiro”, disse. O administrador do
Sumbe, Sebastião Daniel Neto, considerou inoportuno o acto praticado por alguns
cidadãos, que preferem construir primeiro, para depois pensarem na legalização
e chamou a atenção das pessoas para não continuarem com esse comportamento. Os
alegados técnicos que estão implicados no processo de venda de espaços podem
vir a ser responsabilizados criminalmente, desde que sejam provados os factos,
disse o responsável.
CONCLUSÃO
Com a resolução deste
trabalho alcançamos os objectivos traçados inicialmente. Passámos no entanto,
por várias fases e as mesmas foram difíceis de concluir, por motivos alheios as
nossas vontades, tais como, a escassez de bibliografia e a pouca
disponibilidade das entidades competentes. Além disso, poucas são as empresas
de estudos geológicos que fornecem matérias para estudos escolares, o que não
facilita na elaboração de qualquer trabalho.
O estudo deste tema é
de extrema importância, pois, uma das principais causas de morte no mundo advém
dos deslizamentos de terra. Este risco de deslizamento é agravado quando existe
elevado número de construções, pois são responsáveis pelo aumento da
instabilidade nas encostas (sobrecarga). Sendo a população afectada tanto a que
vive na vertente, como, a que vive na base da vertente.
No nosso caso em
estudo, assim como em outras partes do mundo, as vertentes ocupadas que são
motivo de preocupação localizam-se perto das cidades, fruto de procura de
melhores condições de vida, aliado ao baixo poder económico das populações.
Em suma a principal
consequência da ocupação antrópica das vertentes é o impacto ambiental,
começando pelo aspecto visual e terminando na grande quantidade de lama que
invadem todos os anos a cidade do Sumbe, reduzindo assim a qualidade de vida da
população. É importante assim dar continuidade a mais estudos para evitar
acidentes nos próximos anos.
AGRADECIMENTO
Os nossos
agradecimentos primeiramente vão para o nosso DEUS TODO PODEROSO por estar sempre ao nosso lado principalmente
nestes últimos anos de grande aprendizado que com certeza esta marcado na mente
de todos nós.
Temos também o dever de
agradecer aos nossos familiares por nos apoiarem desde que nesta instituição
colocamos os nossos pés, e por estarem sempre ai psicologicamente e
financeiramente…
De uma forma especial
agradecemos a nossa querida tutora Sandra Rocha que muito pacientemente
nos orientou desde o instante inicial do projecto até hoje. Obrigado mais uma
vez por tudo que fizeste por nós desde a 10ª classe até a 12ª, foste e serás
sempre uma grande referência para todos nós.
Agradecemos também ao nosso querido engenheiro
Renato Xirimbimbi por estar sempre a orientar-nos, guiar-nos, ensinar-nos,
corrigir-nos, em fim por ser como um pai durante esses anos todos.
De uma forma geral
agradecemos aos professores como: Renato Xirimbimbe, Mendes de Carvalho, Olga
Maurício, Sandra Rocha, Fernando Bonito, Arnaldo Francisco e Fausto Miguel
porque vocês formam de uma ou de outra forma a GEOLOGIA E MINAS. Nossos
queridos professores muito obrigado…
Agradecemos aos nossos
colegas que estiveram connosco esses anos todos, nos bons e nos maus momentos.
A todas pessoas que directa ou indirectamente contribuíram para a elaboração
deste projecto, muito obrigado.
Para culminar não
poderíamos esquecer o núcleo que forma a instituição começando pelo senhor
director, o corpo directivo, ao núcleo de funcionários da instituição como as
senhoras da limpeza e as do refeitório que de muito contribuirão para chegamos
até aqui a toda família do Instituto Nacional de Petróleos muito obrigado.
RECOMENDAÇÃO
·
Primeiramente
direccionamos as nossas recomendações à população para que se evite as
construções em zonas de risco (vertente).
·
Como as construções
nas vertentes já é uma realidade, para minimizar propomos uma serie soluções,
designadamente, cobertura vegetal; linhas de escoamento de água, entre
outros.
·
Às instituições
competentes que mais estudos com fins geológicos sejam feitos posteriormente
para evitar acidentes ou mesmo minimizar os riscos.
·
Também às entidades
governamentais que planos de ocupação territorial sejam feitos com bastante
cautela para que futuramente não tenhamos zonas urbanas desorganizadas.
·
Aos alunos
finalistas uma maior atenção no que concerne ao projecto de final de curso,
pois, este é o meio de transporte para o futuro.
BÍBLIOGRAFIA – Fontes consultadas
Florenzano,
T.G; Geomorfologia – conceitos e tecnologias atuais; Oficina de textos; 2008
Massoud,
Z…, Terra viva; Perspectivas Ecológicas; Instituto Piaget; 1996
Vicander,
R…; e outras. Fundamentos de geologia; Cengage Learning; 2009
Carta
Geológica de Angola; Folha Nº 184 – Novo Redondo 1:100000; Direcção Provincial
dos serviços de Geologia e Minas, Luanda 1972.
GLOSSÁRIO
Abrasão: forma de erosão
por levantamento de materiais; pode ser glaciar ou marinha;
Acumulação: acto ou efeito
de acumular; reunião; amontoação; cúmulo;
Amonites: explosivo formado por uma mistura de
nitrato de amónio ou de sódio e de trinitronaftaleno;
Antrópico: diz-se da intervenção directa ou
indirecta do homem ou de sociedades humanas na destruição da paisagem; implica
sempre uma evolução regressiva e um desequilíbrio do meio, podendo, com a
destruição da cobertura vegetal, acelerar a erosão (erosão antrópica);
Aquedutos: construção destinada a dar passagem à água sobre arcadas ou sob a
plataforma das vias de comunicação;
Biotite: mica
ferromagnesiana, mais conhecida por mica-preta por causa da sua cor;
Cabeceiras de drenagem
e mananciais:
Coesão: união; força com
que se atraem mutuamente as moléculas de um corpo;
Cone de
dejecção:
acumulação de aluviões na parte terminal das torrentes;
Conjunto monótono: ligado à falta de variedade;
Colinas: uma pequena elevação de terreno;
Declive das
encostas: inclinação de um terreno ou de um monte;
descida;
Desastres naturais –
Desflorestação: acto ou efeito de desflorestar;
Deslizamentos ou escorregamentos: acto de
deslizar;
Depressão: acto ou efeito de deprimir, abaixamento
de nível;
Depressões do terreno: cavidades pouco
profundas na terra ou terreno;
Encostas: declive de um monte, rampa;
Evapotranspiração: todo desperdício (quer biológico quer físico) em vapor de água do
solo;
Evolução: transformação das características de um solo ou da vegetação, por
norma, até atingir o equilíbrio (pedoclímax e fitoclímax), em que neste caso a
evolução é progressiva, será regressiva quando as características, devido a uma
degradação, se afastam negativamente do equilíbrio;
Epídoto: mineral que é, quimicamente, um
silicato básico de alumínio, cálcio e ferro, que cristaliza no sistema
monoclínico, e é frequente nas rochas metamórficas;
Equinídeos: família de equinodermes a cujo
género-tipo, Echinus, pertencem alguns dos ouriços da costa marítima
portuguesa;
Erosão: fenómeno que
resulta da actividade dos agentes da dinâmica externa (ar, vento, água, gelo,
seres vivos, etc.) que alteram o relevo terrestre, no sentido de o aplanar;
desgaste; escavamento;
Erosão laminar: erosão em forma em lâminas
Erosiva: que
causa erosão;
Escarpa: ladeira muito íngreme;
Escarpa erosiva: corte oblíquo causada pela uma
erosão;
Evapotranspiração: perda de água em
determinada região por evaporação através do solo e da transpiração das
plantas;
Evapotranspiração: perda de água em determinada
região por evaporação através do solo e da transpiração das plantas;
Feldspato: mineral que é um silicato duplo de
alumínio, potássio, sódio, cálcio ou bário, faz parte do mais importante grupo
de minerais das rochas, entra na formação de séries isomorfas e cristaliza nos
sistemas monoclínico e triclínico (pertencem a este grupo a ortóclase, a
albite, a anortite, etc.)
Fossilífero: Diz-se dos terrenos onde se encontram fósseis animais ou vegetais
Gasodutos: tubagem, semelhante à dos oleodutos, devidamente preparada para
transportar produtos gasosos a grandes distâncias, especialmente gás natural ou
derivado do petróleo;
Geomorfológico: pertence ou relativo a
geomorfologia, estudo científico das formas da superfície terrestre.
Distingue-se geomorfologia estrutural (a que estuda o relevo) e geomorfologia
climática (a que estuda o modelado);
Geotecnia: é um ramo da engenharia civil que se
ocupa dos terrenos;
Genérico: do género ou a ele referente;
Granulometria: determinação das proporções
relativas das diversas fracções de quaisquer substâncias sólidas constituídas
por partículas de dimensões diferentes, particularmente de substâncias
granulosas;
Inundações: acto ou efeito de inundar (cheia);
Intemperismo: conjunto de processos que
provocam a desagregação das rochas por acção dos agentes atmosféricos;
Jusante: maré vazante; baixo mare; para lado da foz;
Limite de liquidez: fim da
qualidade ou estado daquilo que é liquido;
Maciços montanhosos: elevação natural compacta e considerável do solo (monte muito alta);
Magnetite: mineral de fortemente magnético que é,
quimicamente, óxido salino de ferro, cristaliza no sistema cúbico e é
importante minério de ferro;
Matriz: forma de
mecânica quântica em que as coisas observáveis do mundo físico (energia,
quantidade de movimento, coordenadas, etc.) são representadas por matrizes,
(que origem);
Metodologia: é a parte lógica que estuda os métodos
das diversas ciências, segundo as leis do raciocínio. Arte de espírito na
investigação da verdade; conjunto de regras empregadas no ensino de uma ciência
ou arte;
Micáceas: que contém mica, ou é da sua natureza ou
semelhante;
Micropaleontologia: ramo da
paleontologia que se ocupa do estudo dos fósseis microscópicos;
Movimentos de massa: mudança de posição no espaço em função do tempo;
Oleodutos: tubagem para condução de petróleo ou derivados a longas distâncias;
Poças: cova pouco
profunda, geralmente com água;
Planeamento: acto ou efeito de planear, determinação
dos objectivos e dos meios para os atingir;
Planície fluvial: extensa área da superfície
terrestre lisa ou levemente ondulada, sem relevos, a baixa altitude que
pertence ou se refere ao rio;
Precipitação: acto ou efeito de precipitar ou
quantidade de água, neve, granizo, etc, depositado no solo em determinado
período. Queda de partículas e de poeiras e radioactivas após uma explosão
nuclear;
Proporções: disposição regular, a respeito de um modelo de comparação;
Quartzo: mineral, um dos polimorfos da sílica,
com muitas variedades (ágata, ametista, calcedónia, cristal-de-rocha, defumado,
citrino, sílex, etc.), que cristaliza no sistema trigonal, é o 7.º termo da
escala de dureza de F. Mohs (mineralogista alemão, 1773-1839), o mais comum de
todos os minerais, usado em vidros e cerâmica, em óptica, em electrónica, como
abrasivo e como gema;
Quartzosas: relativo ao quartzo; ou que contém
bastante quartzo;
Rampa: plano inclinado;
Ravina: torrente de água que cai de um lugar elevado; leito cavado por uma
corrente que desce do alto;
Rebordo erosivo: margem; borda voltada para fora
ou revirada que sofreu erosão;
Relevo: acidentes orográficos da superfície terrestre;
Sedimentos: material depositado durante a
sedimentação por acção da agentes externos;
Susceptibilidade: qualidade do que é susceptível;
Talude: terreno com forte declive, superfície inclinada de uma escavação ou
aterro ou ainda fundo da vertente de forte pendor com detritos trazidos pelas
torrentes;
Talvegue: linha que une os pontos baixos do vale; é o leito do rio;
Tectónico: rocha modificada por tectonização, isto
é, por acções compressivas que provocaram deformação dos minerais e modificação
da textura, tectónica das placas – teoria que apresenta a litosfera dividida em
placas, grandes, rígidas, que se movimentam sobre a astenosfera;
Temática: Relativo a tema;
Terraços: pavimento descoberto, no alto, ao nível
do pavimento de casa; nome dado a superfície relativamente plana, geralmente
estreitas e alongadas, limitadas por flancos escarpados;
Terramotos: tremor de terra ou grande convulsão;
Topo convexo: lugar que tem uma saliência curva, como
a superfície exterior de uma calote esférica;
Topo plano: lugar liso; sem que há desigualdade nem
ondulações;
Torrentes: curso de água temporário, proveniente
das chuvas e dos degelos, rápido e impetuoso;
Vales: depressão
alongada entre duas montanhas ou colinas; larga extensão de terra banhada por
um rio;
Vertentes: é qualquer dos lados de uma elevação por onde correm as águas, (cada
um dos lados de um telhado);
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