A galáxia de Andrômeda (Messier 31, NGC 224), é uma galáxia
espiral localizada a cerca de 2,54 milhões de anos-luz de distância da Terra,
na direção da constelação de Andrômeda. É a galáxia espiral mais próxima da Via
Láctea e seu nome é derivado da constelação onde está situada, que, por sua
vez, tem seu nome derivado da princesa mitológica Andrômeda. É a mais larga
galáxia do Grupo Local, que também contém nossa Galáxia, a Via Láctea, a
galáxia do Triângulo e aproximadamente 30 outras menores. Embora seja mais
larga, não é a mais maciça: sua massa de aproximadamente 7.1×1011 é menor do
que a da Via Láctea, que contém mais matéria escura. Contudo, contém duas vezes
mais estrelas do que a nossa Galáxia, que tem aproximadamente meio trilhão de
estrelas.
Com uma magnitude aparente 3,4, é um dos objetos
astronômicos mais brilhantes do catálogo de objetos do céu profundo do
astrônomo francês Charles Messier, visível a olho nu na ausência da Lua. Possui
entre 180 e 220 mil anos-luz de diâmetro e uma magnitude absoluta de -21,4.
Descoberta e visualização
Galáxia de Andrômeda observada em infravermelho
Visível no céu noturno sob razoáveis condições de
observação, a galáxia era conhecida como a "Pequena Nuvem" para o
astrônomo persa Abd-al-Rahman Al-Sufi, que a descreveu em seu livro Livro de
Estrelas Fixas. Deve ter sido observada e conhecida pelos astrônomos persas em
Isfahan, mesmo antes do ano de 905. Segundo Richard Hinckley Allen, em seu
livro Star Names: Their Lore and Meaning, a galáxia de Andrômeda já havia sido
registrado em uma carta estelar holandesa de 1500. O astrônomo francês Charles
Messier, que o catalogou em 3 de agosto de 1764 como sua 31ª entrada (Messier
31), atribuiu erroneamente a descoberta da galáxia a Simon Marius, que foi o
primeiro a visualizar o objeto por meio de um telescópio em 1612. Giovanni Battista
Hodierna, sem conhecer os trabalhos de Al Sufi e Marius, redescobriu
independentemente a galáxia antes de 1654. Edmond Halley, no seu Tratado sobre
Nebulosas, em 1716, credita a descoberta da galáxia ao francês Ismaël
Bullialdus, que havia observado-a em 1661. Contudo, o próprio Bullialdus havia
declarado que o objeto havia sido visto havia pelo menos 150 anos antes, por
volta de 1500.
História observacional
Galáxia de Andrômeda, observada em ultravioleta
Acreditava-se que a "Grande Nebulosa de Andrômeda"
era uma das nebulosas mais próximas da Terra. Segundo William Herschel,
descobridor de Urano, sua distância deveria não exceder 2 000 vezes a distância
entre a Terra e a estrela Sirius (equivalente a 17 000 anos-luz). Via o objeto
como a "ilha universo" mais próxima da Terra, como a própria Via
Láctea. Segundo Herschel, a nebulosa seria um disco com um diâmetro cerca de
850 vezes a distância entre a Terra e Sirius e uma espessura equivalente a 150
vezes essa distância.[11]
O primeiro a notar a diferença entre nebulosas gasosas, com
suas linhas espectrais definidas, de outras "nebulosas", que exibem
espectro contínuo, semelhante a das estrelas, que são conhecidas atualmente
como galáxias, foi William Huggins, pioneiro da espectroscopia. Ele havia
classificado Messier 31 na segunda classe de nebulosas. As primeiras
fotografias que mostram a estrutura espiral da galáxia de Andrômeda foram
tiradas por Isaac Roberts, em 1887.[11]
Vesto Slipher, do observatório Lowell, concluiu que
Andrômeda tinha a maior velocidade radial entre todas as nebulosas conhecidas,
aproximando-se radialmente da terra a uma velocidade de 300 km/s (266 km/h,
segundo Robert Burnham, Jr., ou 298 km/s, segundo R. Brent Tully). Este valor
alto já apontava para a natureza extragaláctica do objeto.[11]
Edwin Hubble encontrou a primeira variável cefeida na
galáxia de Andrômeda. Como existe a possibilidade de estimar com razoável
precisão a distância de uma cefeida em relação à Terra, foi possível determinar
pela primeira vez a distância de Andrômeda em relação ao Sistema Solar. As
primeiras análises estimaram essa distância em mais de um milhão de anos-luz,
muito mais longe do que qualquer outro objeto conhecido até então. Hubble não
sabia que havia dois tipos de cefeidas e que a estrela que ele analisou
pertencia à segunda classe. Este erro não foi percebido até a construção do
telescópio de 200 polegadas de abertura no Observatório Palomar. Com isso, sua
distância foi recalculada, sendo mais que o dobro do que as primeiras
estimativas. Hubble publicou seu estudo histórico sobre a "nebulosa de
Andrômeda", apresentando-a como um sistema estelar extragaláctico
(galáxia) em 1929.
Características
Galáxia de Andrômeda vista pelo Galaxy Evolution Explorer,
NASA
Além da Via Láctea, é a galáxia mais estudada. Possibilita o
estudo das características de uma galáxia que também são encontradas na Via
Láctea, como a estrutura espiral, aglomerados abertos e globulares, matéria
interestelar, nebulosas planetárias, remanescentes de supernova, núcleo
galáctico, galáxias satélite, entre outros, mas que não podem ser estudadas
devido à grande presença de poeira interestelar em nossa Galáxia.[11]
Suas duas galáxias satélite, Messier 32 e Messier 110, são
visíveis em binóculos. Messier foi o primeiro a criar um esboço contendo as
três galáxias e estas, além de outras oito galáxias anãs, formam um pequeno e o
mais brilhante aglomerado de galáxias do Grupo Local, um grupo de 54 galáxias
gravitacionalmente ligadas e independentemente do restante do Universo, ao qual
pertence a Via Láctea.[11]
Existe uma notável interação entre Messier 32 e sua galáxia
principal, Andrômeda. A galáxia elíptica causa uma grande perturbação na
estrutura espiral de Andrômeda. Os braços de hidrogênio não-ionizado estão
deslocadas cerca de 4 000 anos-luz dos braços de estrelas e não pode ser
seguida continuamente na área mais próxima ao seu braço vizinho menor.
Simulações computadorizadas mostram que as perturbações podem ser modelados a
partir de um encontro recente com a massa de estrelas de M32. Provavelmente, a
galáxia satélite também tem sequelas desse encontro, perdendo muito de suas
estrelas que estão agora espalhadas pelo halo galáctico de Andrômeda.[11]
O mais brilhante aglomerado globular de Andrômeda, G1,
também é o aglomerado globular mais brilhante de todo o Grupo Local, tendo uma
magnitude aparente de 13,72, mais brilhante do que o aglomerado globular mais
brilhante de nossa galáxia, Omega Centauri. Pode ser visto com telescópios amadores
com aberturas superiores a 10 polegadas. Existem outros aglomerados globulares
de Andrômeda que podem ser vistos com grandes telescópios amadores, mas 435
aglomerados globulares podem ser vistos em Andrômeda com telescópios
profissionais, segundo Pauline Barmby.[11]
A nuvem estelar mais brilhante de Andrômeda ganhou a sua
própria entrada no New General Catalogue, NGC 206. John Herschel catalogou-a em
17 de outubro de 1786.[11]
Galáxia de Andrômeda, 1899
Apesar de ser a galáxia exterior mais estudada, sua
distância em relação à Terra ainda não foi bem definida. Embora seja consenso
entre os astrônomos que sua distância seja de 15 a 16 vezes a distância entre a
Terra e a Grande Nuvem de Magalhães, equivalente a 2,4 a 2,9 milhões de
anos-luz, a própria distância da nuvem em relação à Terra também não é bem
definida. Esta incerteza atinge não somente a distância até Andrômeda, mas
também a distância até todas as outras galáxias conhecidas.[11]
Em um céu noturno sob condições normais, o tamanho aparente
da galáxia de Andrômeda a olho nu) é cerca de 3 x 1 graus (mais precisamente
178 x 63 minutos de grau). Em binóculos de duas polegadas de abertura, o
tamanho aparente da galáxia é ainda maior, cerca de 5,2 x 1,1 graus, segundo
Robert Jonckhere, correspondendo a um diâmetro real de 250 000 anos-luz,
considerando sua distância de 2,9 milhões de anos-luz em relação à Terra,
tendo, portanto, o dobro do tamanho da Via Láctea. Considerando sua parte
visível, sua massa corresponde entre 300 a 400 bilhões de massas solares, sendo
menos maciço que a Via Láctea. Conclui-se que a Via Láctea é uma galáxia mais
densa que Andrômeda. Sua massa total contida no halo galáctico de Andrômeda
corresponde a 1,23 x 1012 massas solares, contra 1,9 x 1012 da Via Láctea.[11]
Andrômeda contém um núcleo duplo, evidenciado pelo
Telescópio Espacial Hubble. Ainda se discute se o núcleo é realmente duplo, com
a absorção violenta de uma galáxia menor por Andrômeda, ou se apenas foi
aparentemente dividido em dois pela poeira interestelar.[11]
Até o momento, apenas uma supernova foi registrada em
Andrômeda, a supernova de 1885. Foi a primeira supernova registrada fora da Via
Láctea, em 20 de agosto de 1885, descoberto por Ernst Hartwig no observatório
de Tartu, Estônia. Seu brilho alcançou a magnitude aparente 6 entre 17 e 20 de
agosto e foi notado por vários outros observadores astronômicos, sendo
fracamente visível a olho nu. Seu brilho enfraqueceu para a magnitude aparente
16 em fevereiro de 1890.
A possível "morte"
Galáxia de Andrômeda, Telescópio Espacial Hubble
Estudiosos e cientistas conseguiram prever, através de uma
série de cálculos, que a nossa Via Láctea e Andrômeda estão se aproximando e
colidirão. Teoricamente, o encontro aconteceria em cerca de 4 bilhões de anos,
que é o período aproximado do fim do nosso Sol, nesta época, talvez, a vida na
Terra nem exista mais da forma como a conhecemos.
Embora exista a possibilidade, os danos que tal colisão
causaria são mínimos, e isso se deve ao fato dos espaços entre os astros serem
muito grandes, reduzindo drasticamente a chance de colisões, o que também
explica o fato de o sistema solar raramente entrar em contato com algum outro
corpo celeste ao passar pelas nuvens mais densas da Via Láctea.
Fonte: Google
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